segunda-feira, 14 de maio de 2012

23 anos.





Tenho vinte e dois anos. Eu. Tenho vinte e dois. Anos. Não faz muito, eu tinha dezessete e me sentia a pessoa mais desajustada do universo. Ok, não do universo, mas da cidade pequena onde morava. O tempo passa rápido e é impiedoso com os que não se movem. Ainda bem que eu me movi. Falta um bocado para eu me tornar a pessoa com que sonhei na adolescência, mas tenho a tranquilidade de admitir que as coisas não vão tão mal assim. Mesmo assim, a proximidade inevitável dos 23 (30/07) tem me deixado mais reflexivo do que o usual. Tudo bem, eu sei que sou novo, não estou falando isso para obter palavras de conforto. Mas é que nossa cabeça não costuma acompanhar os aniversários. Ou as rugas que brotam discretas nos cantos dos olhos - especialmente quando a gente insiste em dormir tarde demais. Eu me sinto um pós-pré-adolescente até hoje, mas a verdade é que tenho vinte e dois. E aos vinte e dois, minha mãe já tinha um filho de quase dois anos. No caso, eu. Estou longe de pensar em ter filhos, mas trabalho todos os dias para deixar algo meu no mundo. "Mostrar ao que veio" não é só uma frase de efeito ou algo que se diz antes de uma mulata com glitter começar a sambar. É um sentimento real que com que os seres humanos têm de lidar. É uma tentativa de fazer a existência ter um pouco mais de sentido. Outro dia, minha prima funcionária pública super engajada nos movimentos político, destacou umas de suas reivindicações no final falando - ''não vai ser esse que vai mudar o mundo''. Estávamos almoçando e a digestão das almondegas retardou um pouco minha conclusão. Mas ela veio e eu não pude deixar de compartilhar, ainda de boca cheia. É pretensioso cogitar fazer qualquer coisa com o intuito direto de mudar o mundo. A menos que você seja o Martin Luther King. Ou o Hitler. Porque mudar o mundo não significa necessariamente mudar para melhor. Pelo menos no que concerne ao campo das políticas, ninguém que de fato mudou o mundo passava os dias pensando em qual seria o melhor trabalho para mudar o mundo. As pessoas que mais admiro simplesmente trabalhavam naquilo que acreditavam. E esse é o primeiro passo para qualquer tipo de mudança. O resto é pura forçação de barra. Quanto a mim, tenho vinte e dois anos e não planejo mudar o mundo tão cedo. Me contento com as pequenas mudanças que sou capaz de promover. Quando comecei a escrever, tinha acabado de voltar ´ra minha cidade e me sentia a pessoa mais diferente do mundo. Hoje, posso não mudar o mundo, mas certamente mudei a minha vida saindo de lá. E, na minha humilde opinião, quando algo é capaz de mudar o status quo de pelo menos uma pessoa, então já possui algum valor.
Antes de cogitarmos a utopia de mudar o mundo, existe uma terefa muito mais simples e igualmente transformadora: mudar de hábitos. De resto, mantenha a calma, faça o seu e pare de mimimi.