quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Peito Vazio



Procuro afogar no álcool
A tua lembrança
Mas noto que é ridícula
A minha vingança
Vou seguir os conselhos
De amigos
E garanto que não beberei
Nunca mais
E com o tempo
Essa imensa saudade que sinto
Se esvai. 

Ney Matogrosso - Peito Vazio

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Querido Caio



"Eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim.”
(Caio F.)


Querido Caio,

Queria saber como é que eu faço para sair desses poços que eu tenho caído pelo caminho, porque eu tô tentando, mas não consigo encontrar o "quê". Onde está esse 'quê', pelo-amor-de-Deus?
O infinito é muito longe pra mim. Ninguém parece ter me dado da sua água. E se alguém deu, é bem possível que seja por isso que ela jorra para fora do meu peito. Às vezes, já nem durmo mais. Minha vida é mesmo dessas cirandas e muitas das coisas que eu quero dizer, acabam calando-se com a saudade.
Caio, por que eu continuo assim tão fraco? Que desfunção é essa dos sentidos? Continuo vulnerável demais. A vela com esperança ainda tá acesa. Eu sei que eu tenho que acabar com o
oxigênio que a sustenta. mas se eu parar de respirar, eu me apago também.

Abram seus guarda-chuvas

Sinto o cheiro da chuva e me sinto doído, porque ela me inunda. Tomo meu banho e tento tirar esse ar de nojo que está impregnado em mim e que não sai, água que não sai com nenhuma água. Acordo. Não durmo. Ando perdendo noites e ganhando palavras ao decorrer delas. Não quero dormir, porque adormecer me faz perder a lucidez. Mesmo que no sonho é onde eu me encontre mais lúcido. É no sonho que eu me reconheço inteiro. E só nele eu posso me perder. Nesse quarto, com a chuva lá fora, eu nunca me acho. Paro de frente a janela e fico olhando como a chuva cai. Tento me molhar, não consigo. Eu sou a chuva que esta fria mas continua a cair. Eu sou a chuva que não para, não passa e não sabe o que é. Eu não sei ser, e não sabendo, sou. Custa aceitar, sem resignações, o fato de que eu nunca serei inteiro fora de mim. Minha metade anda perdida pelo mundo e eu não consigo achá-la, nem sei se quero. Já não resisto às farpas soltas por metade do que sou, imagine a um ser inteiro, concreto. Tomei muito café e não me sinto lúcido, apesar de estar acordado. Eu ainda não despertei da mansidão que é a madrugada. Porque é na madrugada que eu me escondo. É nessa escuridão que me encaixo e pareço querer ficar ali para sempre. A claridade cega os olhos e eu não sou transparente. Muito pelo contrario, sou uma nuvem densa pronta para chover (abram seus guarda-chuvas).Não sou tempestade, mas brisa leve não posso ser.

Adeus você


"Eu tô levando tudo de mim

Que é pra não ter razão pra chorar
Vê se te alimenta
E não pensa que eu fui por não te amar"

(Adeus você, L.H.)

- Enfim, eu só vim mesmo pra saber como você está...
(Silêncio: como estamos, o que vai ser de nós, se ainda há nós. O que está acontecendo,benzinho? Porque você tem que se mostrar distante desse jeito? Eu entendo, eu bem entendo porque eu também sofri. Mas você pareceu seguir tão bem, e pareceu se encaixar em outros mundos tão perfeitamente. Eu recolhi os cacos, limpei a casa e comprei outro vaso para flores. Mas ao contrario de você, que sempre troca de buquê, eu fui foi querer deixar a semente lá, pra esperar crescer. E toda vez que eu penso que a semente vai vingar... não sei se está faltando luz ou se eu reguei demais, com meus olhos. Agora, eu estou aqui. Nesse silencio que vai me dilacerando. Só o que eu queria era não estar aqui, não aqui exatamente... mas aqui desse jeito. Porque desse jeito, meu amor, não dá mais. Eu sei que não dá mais. Eu vou me acostumar a falta, porque a ausência... essa sempre existiu.)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Obituário



Tudo começou no dia em que eu morri.
Se tivessem escrito um obituário, ele descreveria a vida incrível de um um garoto incrível, que provavelmente não deixará descendentes. Mas, não houve obituário. Pois no dia em que eu morri, foi também o dia em que comecei a viver.

Simplicidade


Vai diminuindo a cidade, vai aumentando a simpatia. Quanto menor a casinha, mais sincero o bom dia. Mais mole a cama em que durmo, mais duro o chão que eu piso. Tem água limpa na pia, tem dente a mais no sorriso.
Busquei felicidade, encontrei foi Maria. Ela, pinga e farinha, e eu sentindo alegria.
Café tá quente no fogo, barriga não tá vazia. Quanto mais simplicidade, melhor o nascer do dia.
Pato Fu

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

- Namorar?
 O que é isso? 
É de comer?" 
"Isso depende do seu ponto de vista..."



É mágoa

" (...)
Eu só queria distância da nossa distância
Saí por aí procurando uma contramão
(...)
Eu só não consegui foi te acertar o coração
Porque eu já era o alvo
De tanto que eu tinha sofrido
Aí nem precisava mais de pedra
Minha raiva quase transpassa
A espessura do seu vidro

É mágoa
O que eu choro é água com sal
Se der um vento é maremoto
Se eu for embora não sou mais eu
Água de torneira não volta
E eu vou embora
Adeus."


(Elisa Lucinda)

Ninguém Em Casa


Eu não conseguiria te explicar porque eu me sinto desse jeito. Me sinto assim todos os dias. Eu não pude me ajudar, apenas me vi cometendo os mesmo erros outra vez.
O que está errado agora?
São tantos problemas...

Não se de onde eu pertenço.
Eu quero ir pra casa, mas ninguém está em casa. Eu não consigo encontrar nenhum lugar para deitar, machucado por dentro.  Sem nenhum lugar pra onde ir para secar seus olhos.
Eu abri meus olhos e olhei pra fora, e encontrei as razões pelas quais tenho sido rejeitado. Mas, depois, não consegui achar o que deixei pra trás.
'' Ser forte, para muitos problemas.''

Meus sentimentos, eu escondo.

Meus sonhos, não consigo encontrar.
Eu estou perdendo a cabeça.
Eu estou caindo pelo caminho.
Não consigo encontrar meu lugar.
Eu estou perdendo minha fé.
Eu estou perdido por dentro.

Remediado Estou

Fingia que não esperava nada além de um olhar de canto, um toque no ombro. Qualquer coisa além daquela dúvida que crescia até antes de não ser percebida, de não tornar-se percebida. Uma hora viria a redenção.

E para que não chorasse, pensava em coisas como: calma, menino. Calma que vai passar. Essa onda de maus fluidos está indo embora, um hora tudo se ajeita. E se não se ajeitar... O que não tem remédio, remediado está.

Frida Kahlo

"Um dia veremos, um dia aprenderemos.
Há sempre coisas novas.
Sempre ligadas à antiga existência."
(Frida Kahlo)


Quando antes, sentia que ver doía cada vez mais.
Deixo-te voar, meu amor. Na esperança de que você não tarde a voltar. Voa e trás de volta o que ainda sobrou de mim. E quando tiveres prestes a ir, escorre-me pelas mãos e pelo ventre, desagua a sua loucura no meu colo e repousa sobre meus pedaços espalhados pelo chão. Volta, me pega da sujeira e diz que está tudo perfeito, que está tudo bem. Não preciso de olhos enquanto tiver a sua presença. Os olhos de dentro, meu querido, estes, não se fecham nunca. E quando a gente dorme, eles quase saltam para além do desconhecido.

À você, Frida, que não deixou escapar até as levezas das dores.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

"Sem pensar em nada mais, fecho os olhos para esquecer. Dorme, menino, repito no escuro,o sono também salva. Ou adia."
(Estranhos Estrangeiros, Caio F. Abreu.)

Para toda a sorte


O próximo passo era não pensar em coisa alguma. Ir levando do jeito que era, do jeito que tinha de ser. Não havia nada a fazer, além de parar de lamentar as perdas.
Agora, memória curta e uma janela aberta curariam qualquer problema. O que é leve demais, meu amor - às vezes - o tempo leva.

Momento Emo


Você já se sentiu desmoronando? Você já se sentiu fora de lugar? Como se de alguma forma você não se encachasse e ninguém te entendesse? Você já quis fugir?
Você se tranca em seu quarto, com o rádio ligado e o volume tão alto, para ninguém te ouvir gritando?
Não, você não sabe como é, quando nada da certo, você não sabe como é, ser como eu. 
Ser machucado, sentir-se perdido, ser deixado no escuro, ser chutado quando você está caído, sentir como se você estivesse sendo empurrado para fora. Estar a beira de entrar em colapso. E não ter ninguém lá para te salvar. Não, você não sabe como é. Bem-vindo à minha vida! Você já quis ser outra pessoa? Você está cansado de se sentir deixado de fora? Você está desesperado para achar algo a mais, antes que sua vida acabe? Você está preso em um mundo que você odeia? Você está cansado de todos ao seu redor? Com seus grandes sorrisos falsos e mentiras estúpidas, enquanto por dentro você está sangrando?


 Welcome To My Life

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Vogue







Greta Garbo e Moroe
Deitrich e DiMaggio
Marlon Brando
Jimmy Dean, na capa de uma revista.

Grace Kelly
Harlow, Jean. Imagens de rainhas da beleza.
Gene Kelly
Fred Astaire
Ginger Rodgers, dançam no arEles tinham estilo. Eles tinham graça.

Rita Hayworth- Um dos rostos mais fotogênicos.
Lauren
Katherine
Lana também
Bette Davis


Nós amamos vocês !

A velhice de um cão.



Quando chegar a velhice, o seu cachorrinho já lhe terá proporcionado muitas alegrias.Cuide para que ele tenha um final feliz. Sempre se possível, deixe sempre que ele permaneça ao seu lado, pois este será realmente um dos poucos prazeres que lhe restarão na velhice.A grande despedida está próxima, ele por extinto sabe disso. É natural que deseje a companhia daqueles que aprendeu a amar e respeitar durante sua vida.Não o abandone agora.Ele já não será aquele animal bonito de antes. Seu pêlo começa a cair. Seu caminhar perdeu a elegância e sua cabeça penderá, cansado sobre suas patas. Somente seu olhar acompanhará os passos do seu dono. Lembre-se que,dentro do peito ele ainda possui aquele coração que vibrará com o som da voz do seu mestre. E chegando ao fim, não se envergonhe, chore. Você acaba de perder o mais dedicado dos amigos...O cão!


(Texto extraído do livro Weimaraner. Maria Corrêia e Eduardo Costa)

A descoberta do mundo


O coração tem que se apresentar diante do nada sozinho e sozinho bater alto nas trevas. Só se sente nos ouvidos o próprio coração. Quando este se apresenta todo nu, nem é comunicação, é submissão. Pois nós não fomos feitos senão para o pequeno silêncio. Se não há coragem, não se entre.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Me perdoe, meu Deus, mas eu matei.



Sem muita dó, sem muita piedade. Foi legitima defesa, eu sei. Mas esse nó no meu peito desfez, entende? Tive medo do arrependimento, mas essa danada não me dava outra opção. Eu juro que eu tentei conviver, ser amigo dela, aceitar todo o fado que eu carregava sozinho por conta dela, mas não deu mais. Como prova de amor a mim, eu tive que cometer um crime. Matei-a. Foi crime passional, pra a paixão ir embora. Matei a esperança do amor por amor. Cravei uma faca no meu peito para não haver mais sofrimento, veja só que contradição. E você pensa que doeu? Pior que não. 
Doeu foi antes, sem a faca, matei pra continuar vivo. Porque eu estava era morrendo por dentro, viu? Eu estava acompanhado da solidão, sentir solidão por dois não é bom, não. Matei e queria dizer que vou continuar matando, caso pinte mais tristeza por ai. O que faz bem é envolto por doçura. Então, me perdoe por antecedencia, porque eu, já me perdoei faz tempo...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Nossa truculência



Clarice Lispector


.. A nossa vida é truculenta:
nasce-se com sangue
e com sangue corta-se a união
que é o cordão umbilical.
E quantos morrem com sangue.
É preciso acreditar no sangue
como parte de nossa vida.
A truculência.
É amor também. 

Lembranças



No filme ”Lembranças” há uma cena que me fez refletir, principalmente pelo tipo de filme que é. Tyler e Ally (protagonistas) tem histórias sofridas e se identificam por isso. Na cena em questão, eles estão em um restaurante prontos para fazerem seus pedidos e Ally pede primeiro a sobremesa, eis o dialogo:
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- Eu gosto de comer a sobremesa primeiro.
- Por quê?
- Não vejo motivo para esperar.
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Parei para refletir, porque só sinto animo para comer se antes eu ter a sobremesa, mas então perco a fome.
Muitas vezes ansiamos pelas coisas boas, antecipando o tempo de acontecerem. Isso sempre traz consequências ruins.
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A sobremesa é como um incentivo para comer. 
A sobremesa é como as coisas boas da vida;
é a motivação para prosseguir, é a certeza de que haverá algo bom guardado para quando chegar ao fim.
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Deve ser essa mesma motivação que todos procuram quando têm a seguinte escolha:
-Tenho duas noticias; uma boa, outra má. Qual quer primeiro?
- Primeiro a má, depois a boa.
Fazemos isso pelo simples fato de ter esperança de que a boa noticia nos alivie do peso da má. Que nos dê motivação para aguentar e enfrentar.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Falso


Só existo de verdade quando estou escondido numa brecha do tempo no Calabouço, quando não há roupas nem medo, vergonha nem fingimento, quando somos só desejo e confiança. O resto do tempo me sinto uma cópia falsificada de mim mesmo.

Marte


Ontem gastei todo o meu dinheiro e comprei um terreno em Marte. Eis a foto, cedida pela NASA, do meu pedaço de felicidade. Sem gente, sem bicho, sem planta, sem carro, sem computador. Eu e a imaginação vamos morar no vazio.
No infinito. Pretendo não manter mais contato com os tolos, nem com os que habitam minha mente em memórias de estúpidos convívios do passado. Adeus.

Que você não perca a vida apenas tentando ganha-la



Não pensar que o tempo é eterno, que se ainda é jovem e tem muitas outras oportunidades porque assim pode estar deixando de crescer, aprender, mudar, arriscar e ganhar. Comece cedo, nunca desista, nunca pense em desistir de estudar, de trabalhar, nunca recuse um emprego quando mais estiver precisando e jamais gaste com o que realmente não precisa. 
Junte, invista, sonhe, crie, tente (Falhou? Tente de novo, de novo e de novo).
Nunca caia na ilusão de que ainda há muito tempo, porque o tempo passa rápido e você só fica para trás, e no fim, se pega como a maioria das pessoas no mundo que trabalham para sobreviver e só aproveitam os frutos na velhice, com remédios, filhos, netos e hospitais. Trabalhe bastante, pense e se organize economicamente, quando puder, divirta-se, esfrie a mente, ame, dance; fume ou beba se gostar, mas jamais se dê ao luxo de pensar que ainda se tem muito tempo.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Autossabotagem


Outro dia, entrei em algum tipo de crise temporária, mais conhecida como “modo autossabotagem on”, e dispensei meu namorado, um cara legal de quem eu realmente gosto, para ir a uma festa à la solteira com os amigos. Só que os amigos também acabaram conhecendo caras legais. E eu fiquei sozinho.
  A ironia da coisa é que eu passei anos – eu disse anos – reclamando incessantemente sobre como eu queria encontrar alguém. Não que eu tenha problemas em lidar com a minha própria companhia, muito pelo contrário. Tem noites em que tudo o que eu quero é ficar sozinho em casa, vendo filme e bebendo vinho. Mas a perspectiva da solidão eterna me assusta. E quando eu finalmente encontro alguém legal que realmente gosta de mim, eu me apavoro e me coloco numa situação patética de solidão.
  Lá estava eu, absolutamente sozinho. Por opção, mas uma opção mal feita, pelos motivos errados. Eu escolhi outras diversões e tratei meu namorado como uma roupa esquecida no armário.
  Mas eu ainda estou aprendendo. Com o tempo, a gente acaba conhecendo bem as coisas que tem em volta e aprende quais são as que valem a pena.