Depois da inocência
pisada, do desespero anônimo. O que sobra é sempre o ar perdido e sem rumo de
quem procura desculpa, na culpa que o mundo, por gratuidade jogou a mim. São
tantos os conselhos pretensiosos, as humilhações disfarçadas e os olhares que
julgam que eu aprendi a caminhar no vazio. Sem medo, absolutamente sem medo.
Aquele destemor de quem não tem nada mais a perder. Meu corpo, pelo contrario
do que desejei não se enrijeceu pelos duros golpes da vida, só parou de
gesticular. Meu olhar que tanto desejei seco, ainda transborda um marejo de
águas profundas, parecem sempre tristes - reflexo. Minha voz se tornou rouca,
tórrida e triste - como um Coração partido marinado em vodka e fumaça de
cigarro.
Não há sorriso na escuridão.
Eu sou hermético.