sexta-feira, 31 de maio de 2013

Pra nunca ser

Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorito
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinho porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Fumaça

Minha canção de ninar pendurada pra secar. O que há de errado com tudo isso. Esta tudo desmoronando...
Onde está você, pai?
A mamãe parece triste.
O que há de errado com essa casa ? Esta escuro aqui (...)
Com a boca seca e sem saber como chorar.
O que há de errado com esse cara ?
Ele está me machucando a anos.
Estou tentando correr mais rápido
Não posso mais esconder esse passado.
O que há de errado com isso?
Quem está me empurrando?
Porque, sangrar é respirar aqui dentro
Estive me escondendo embaixo da fumaça no quarto
Tentei, sangrar é acreditar, eu me vi rastejando nesse chão.
 


terça-feira, 28 de maio de 2013

Melhor Sozinho

Faz de conta que as nossas preces não são erradas e que tudo é só uma brincadeira no final do dia. De dia, vejo com mais clareza os seus olhos me pedindo pra ficar. E eu, que já tanto a-deus na minha vida, só sei é ir embora.
Egoísmo (?) Eu vivo muito melhor sozinho.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

A Zíngara

De Aruelmas e Arueus 
De pequenas palavras e grandes olhares
...De muita força.
Os olhos negros como a noite
Quando há raiva, mais brilhante que a lua cheia.
Ela é o signo da cidade.
Nem vinte anos tem
Da borra do café, te olha com desdem...
Branquela, longilínea e sincera.

Eu...
Te amo muito mais, muito mais..muito mais... (...)

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Dissoluto

Chega de ficar alcoólatra, sem mais lutas para mim (...)
As pessoas deveriam arranjar truques melhores para conseguir prender mais as atenções, hoje eu quero sair só. Vou colocar uma roupa legal, vou ficar bonito, vou dançar sozinho. Eu vou rir, eu vou ficar bêbado, eu vou levar alguém pra casa.

Poesia

Ninguém ignora o fato da poesia ser uma solidão espantosa, uma maldição de nascença, uma doença na qual a cura não foi encontrada.

Poesia Numa Hora Dessas?

Somos diferentes, tu e eu.
Tens forma e graça
e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
En não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa
- que não sei qual é!
És de outra pipa
e eu de um cripto.
Tu, lipa
Eu, calipto.
Gostas de um som tempestade
roque lenha
muito heavy
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães
o mais leve.
Tu, fão.
Eu, fônico.
És suculenta
e selvagem
como uma fruta do trópico
Eu já sequei
e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu, piniquim.
Eu, ropeu.
Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu, multo.
Eu, carístico.
És colorida,
um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,
e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu, cano.
Eu, clidiano.
Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.
Tu, tano.
Eu, femismo.
— Luís Fernando Veríssimo 

terça-feira, 21 de maio de 2013

A Meretriz Da Taberna


Estava eu lá
Na porta de um bar
Cigarro na boca
E uma frase no olhar :

- Escute, só peço que me escute, por favor; Essas atitudes inconsequentes não tem me levado a outro lugar. Nem eu nem ninguém poderia imaginar, são esses erros que plantei (...)
Sou como os sábios que vivem sem nexo. 
A vida é uma mulher bela, cheia de curvas e mistérios. Ou se preferir, um homem viril cheio de sex appeal. É para todos os gostos, desejos e sexos.
Mas, a minha, está em uma linha tênue , rumo a um só destino. Quisera eu destinar, ela a outro lugar.
Quanto vale uma noite com a minha vida? Essa bela e experiente meretriz? Quanto é o michê para alguns momentos ser feliz?

Será...

"vazio agudo
ando meio
cheio de tudo"
(P. Leminski)

"Quais são as cores e as coisas pra te prender?"


Você disse que seria só um amor de verão, do tipo que acaba quando o frio começa. Do tipo que esfria quando o sol vai embora. 
Mas ninguém acredita em um amor de trinta segundos.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A viagem

Queridos, estou à margem de mim mesmo, por isso os caminhos me levaram de novo a tomar decisões difíceis. Novamente os fantasmas que dormiam ao meu lado acordaram para tirar a luz  que eu começava a criar dentro de mim.
Preciso de paz, preciso procurar os raios de sol fora do calabouço ( fora dessa casa) vou viajar  e ficar um tempo sozinho. Mais (...) Viajar é mudar o cenário da solidão. - como já dizia Quintana.
Esperem por mim, irei surgir.


quinta-feira, 9 de maio de 2013

Caia na estrada e perigas ver...


"As dúvidas e falas tranquilas na palma da minha mão(...)
As dúvidas embalam tranquilas na palma da minha mão"
(Eu de adjetivos, Novos Baianos.)

E a gente vai fugindo. Tendo medo antes mesmo do perigo começar.
Ah, mas que ninguém venha dizer que é pura falta de coragem. É também receio de não saber até onde ir, ou de que, mesmo sabendo, não conseguir parar, não querer parar.
Meu desespero é calado, contido.
Abaixo o olhar para que você não me desvende. Até que você estende a sua mão e pensa tocar a minha alma; diz que na sua boca só passa o que você pode provar. Mas não se importe em querer saber a verdade, meu bem. A verdade foi só uma coisa que inventaram de procurar para a gente ter que se perder a todo o momento.

Des-tinos


"Pelos descaminhos, meu rumo se perdia,
eu tornava a buscar,
recomeçava e novamente errava, e novamente insistia."
(Caio F.)

De tempos em tempos, tentam fazer com que eu perca toda a esperança depositada no amor e em seus derivados. Mas continuo aqui, no centro da tempestade.
E se eu for levado por mais um descaminho, que não me falte coragem para voltar mais uma vez, caso a previsão do tempo tenha falhado.

Dialética

É claro que a vida é boa 
E a alegria, a única indizível emoção 
É claro que te acho linda 
Em ti bendigo o amor das coisas simples 
É claro que te amo 
E tenho tudo para ser feliz 
Mas acontece que eu sou triste...


Vinícius de Moraes

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Os Primeiros Encontros

Não importa o que as pessoas digam para você se sentir melhor; primeiros encontros são massacrantes.
Frequento esse evento há alguns anos e  posso garantir que, apesar do tempo e da experiência, certas coisas nunca mudam. Sair com alguém pela primeira vez é como participar da Porta dos Desesperados; é tenso, aflitivo, e do nada pode sair uma aberração atrás você.
Pra mim, o processo de sofrimento se inicia quando o encontro é marcado e vai aumentando conforme o momento se aproxima. É tudo penoso. Nunca tenho o que vestir, meu cabelo não colabora, eu tô magro demais, o casaco não fica legal com o tênis, que merda, por que caralhos eu marquei isso? (Respira, respira.)
E aí eu chego no lugar me sentindo nojento, todo nervoso e suado, em um conflito interno que me faz cogitar sair correndo e voltar pra casa - mas isso é para os fracos, então eu me recomponho e tento não pensar que posso estar com pizzas no sovaco.
Desse ponto em diante, é o festival da vergonha alheia. Duas pessoas estranhas que estão ali reunidas com o intuito de se pegar - mas como não podem admitir isso de cara, elas iniciam um questionário patético que inclui clássicos como "o que você faz?" ou "onde você estudou?"
Pode levar até duas horas até que as coisas finalmente se acalmem e comecem a ficar um pouco mais espontâneas. Quando isso acontece, há grandes chances do primeiro encontro engatar e ser bem sucedido. Quando não, tudo o que você precisa fazer é fingir prestar atenção no que a outra pessoa está dizendo, sorrir eventualmente e usar a primeira chance que tiver para simular uma dor de cabeça, um trabalho cedo no dia seguinte ou o fato de que você acabou de descobrir sua nova orientação sexual: cavalos.

domingo, 5 de maio de 2013

O que pode ser mais bonito ?

Hoje, sem mais textos, quero deixar aqui registrada uma idéia que me toma:

Eu não estou na disputa, portanto apesar da força que tenho, não sou ameaça. Não quero estar na briga, na peleja, nem na sombra. Eu só quero ficar na minha, levar meus dias tranqüilo, estudar tudo que me instiga, ouvir meu Rock 'n roll , encontrar meus amigos no bar, ler meus livros e transcrever meus excessos. Eu nem quero grana, nem nome, nem qualquer status bobo. Sendo assim, me deixem fora dessa corrida maluca em que a vida foi transformada, deixem o meu tapete onde ele está, eu não quero por aí voando a toa.
O tempo é raridade, depois que passou nunca mais! Para que perder ele com coisas pequenas, palavras miúdas, vontades mesquinhas, joguinhos hipócritas? Desculpem vocês, mas eu prefiro usar o meu para evoluir espiritualmente, para aumentar minha luz, para conquistar mais amigos, mais sorrisos, mais simpatia e empatia. Sim,por incrível que possa parecer, eu me sinto bem, sou inteligente e tenho motivos para gargalhar muitas vezes por dia. O que pode ser mais bonito que isso?

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Diferente de ter que estar vivo para sentir é ter que sentir para se manter vivo. Esse é meu mal, o que me perturba, ser só sentir. É o que torna o mundo tão insuportavelmente vivo para mim. Mas é também a única coisa que eu verdadeiramente tenho e que me acompanha todos os dias, que domina tudo que eu olho, ouço, penso, que altera toda e qualquer simples percepção. Todos os dias, sempre que eu inspiro, expiro, pulso, expulso. Impulso. Hoje, primeiro foi aquele senhor de olhos doloridamente azuis, grandes, com aquelas vestes tão familiares, depois foi aquela senhora tão linda, com ar seguro de seus setenta anos, dedos cheios de anéis e as unhas impecavelmente pintadas de vermelho, naquele tom que eu já conhecia, mas nunca mais tinha visto igual. Saudade é como vício, alguns lugares e situações atraem o sentimento. Diferente dele, eu não tenho lugar nem situação para me manifestar em essência, para amar o que eu já perdi, para chorar pelo que eu amo, para manter vivo o que eu não mato em mim.
Só.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Beijos pela última vez.


“Queridos: Amanhã vou precisar de toda a minha força e de toda a minha vontade. Por isso, não posso pensar nas coisas que me torturam o coração, que são mais caras que a minha própria vida. E por isso me despeço de vocês agora. 
É totalmente impossível para mim imaginar, filha querida, que não voltarei a ver-te, que nunca mais voltarei a estreitar-te em meus braços ansiosos. Quisera poder pentear-te, fazer-te as tranças - ah, não, elas foram cortadas. Mas te fica melhor o cabelo solto, um pouco desalinhado. Antes de tudo, vou fazer-te forte. Deves andar de sandálias ou descalça, correr ao ar livre comigo. Sua avó, em princípio, não estará muito de acordo com isso, mas logo nos entenderemos muito bem. Deves respeitá-la e querê-la por toda a tua vida, como o teu pai e eu fazemos. Todas as manhãs faremos ginástica... Vês? Já volto a sonhar, como tantas noites, e esqueço que esta é a minha despedida. E agora, quando penso nisto de novo, a idéia de que nunca mais poderei estreitar teu corpinho cálido é para mim como a morte.
Carlos, querido, amado meu: terei que renunciar para sempre a tudo de bom que me destes? Conformar-me-ia, mesmo se não pudesse ter-te muito próximo, que teus olhos mais uma vez me olhassem. E queria ver teu sorriso. Quero-os a ambos, tanto, tanto. E estou tão agradecida à vida, por ela haver me dado a ambos.
Mas o que eu gostaria era de poder viver um dia feliz, os três juntos, como milhares de vezes imaginei. Será possível que nunca verei o quanto orgulhoso e feliz te sentes por nossa filha? Querida Anita, Meu querido marido, meu garoto: choro debaixo das mantas para que ninguém me ouça pois parece que hoje as forças não conseguem alcançar-me para suportar algo tão terrível.
É precisamente por isso que me esforço para despedir-me de vocês agora, para não ter que fazê-lo nas últimas e difíceis horas. Depois desta noite, quero viver para este futuro tão breve que me resta. De ti aprendi, querido, o quanto significa a força de vontade, especialmente se emana de fontes como as nossas. Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. 

Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas... Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte amanhã. 
Beijos pela ultima vez. Olga
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Última carta de Olga Benário para sua filha Anita e seu amado Luiz Carlos Prestes. Escrita às vésperas de sua execução na câmara de gás, na Alemanha de Hitler.