segunda-feira, 29 de abril de 2013

Filosofia


O mundo me condena, e ninguém tem pena 
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia. 

Noel Rosa

À Margem


A vontade dá e ultra-passa. Abandono os sentidos.
O relógio toca esperando que eu tenha entendido que o tempo já passou, meu amor. Estamos sozinhos nessa estação, esperando um ônibus que nunca chega.
Estou do outro lado da estação e você não me vê. Você, que só consegue enxergar o que é efémero. Mas começo a não cultivar esse envolvimento porque sei que você não está disposto a aceitar tudo o que eu tenho a oferecer. O que eu tenho é demais para apenas uma viagem sem volta, e suas passagens sempre estão marcadas. Não quero me perder na estação, meu bem. Então, prefiro não terminar a viagem. Pego um táxi na volta, pago mais caro por desistir dessa aventura mais cedo do que o imaginado. Entenda: com o tempo você iria esquecer de me regar. A longo prazo, love, você só me traz problemas.
Saio de um abismo, para encarar outro. Por enquanto, fico à margem.
Me aceito, te aceito.

Demais

Todos acham que eu falo demais, e que eu ando bebendo demais. Que essa vida agitada não serve pra nada. Andar por aí, bar em bar, bar em bar (...) Dizem até que ando rindo demais, e que conto anedotas demais, que não largo o cigarro e dirijo o meu carro. Correndo, chegando no mesmo lugar. Ninguém sabe é que isso acontece por que, vou passar minha vida esquecendo você. E a razão por que vivo esses dias banais, é porque ando triste, ando triste demais (...) E é por isso que eu falo demais, é por isso que eu bebo demais, e a razão porque vivo essa vida agitada demais, é porque meu amor por você é imenso. O meu amor por você é tão grande. É porque meu amor por você é enorme demais. 

Maysa

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Eu tenho alvará, liberdade de expressão.

Vejo-me livre nas entrelinhas que me dão a liberdade de expressão fazendo que eu sinta os meus pés no chão e com minha imaginação ainda sim a tocar o céu;
Ainda estou aqui elevando o meu coração, esperando o meu momento para me realizar de forma única e perfeita;


A liberdade de pensar
A liberdade da expressão
A liberdade da escrita
A liberdade da palavra...

- Está acima de qualquer de qualquer
conceito, preconceito... Prescrição.


Foto: steven klein no livro Sex

terça-feira, 23 de abril de 2013

Eu descarrilho


Pelo o que me diz respeito. Eu sou feito de dúvidas. O que é torto, o que é direito. Diante da vida. O que é tido como certo, duvido. E não minto pra mim. Vou montado no meu medo. E mesmo que eu caia, sou cobaia de mim mesmo. No amor e na raiva, vira e mexe me complico. Reciclo, tô farto, tô forte, tô vivo. E só morro no fim. E pra quem anda nos trilhos cuidado com o trem. Eu por mim já descarrilho. E não atendo a ninguém. Só me rendo pelo brilho de quem vai fundo. E mergulha com tudo, pra dentro de si...


E minha alma, sem luz nem tenda,
passa errante, na noite má,
à procura de quem me entenda
e de quem se sente junto a mim num sofá...
Para você: flores...
Com gosto de quê! Vermelho sangue pulsando, correndo.
Em algum campo vermelho, exalando o perfume, quase de olhos abertos... ver-melhor


e para mim ?

Espero Resposta

E que pior do que a espera desesperada de resposta, é não haver resposta. Porque o silêncio amedronta, apavora. O silêncio soa como um "tudo bem, tanto faz". E isso causa espanto. Então, você demora mais de uma hora para tentar transpor o que levou anos e, de repente, não há resposta?
A resposta basta. Prometi não mais criar expectativas...
Espero algumas palavras... vazias, pra encher o silêncio. porque silêncio é constrangedor também, sabia? E por favor, responda. Só pra dizer se eu posso desocupar minha mente.
"E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteiro, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso..."
(C.L.)

domingo, 21 de abril de 2013

Certas Coisas


A vida é mesmo assim, dia e noite, não e sim...
Cada voz que canta o amor, não diz tudo o que quer dizer, tudo o que cala fala mais alto ao coração. Silenciosamente eu te falo com paixão...
Eu te amo calado, como quem ouve uma sinfonia, de silêncios e de luz, nós somos medo e desejo, somos feitos de silêncio e som. Tem certas coisas que eu não sei dizer...

Lulu Santos

quinta-feira, 18 de abril de 2013

O Frio que se Faz


Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos conforta
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
— Velho caixão a carregar destroços —

Levando apenas na tumbas carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!


Augusto dos Anjos

Pelos caminhos que ando um dia vai ser só não sei quando.

A minha vida toda fugindo dessas realidades.
E, assim enganando-me, deixei de ser uma pessoa assustada e defendida, para aprender que não se morre de intensidade. Morre-se, ao contrário, pelo embrutecimento. (...) Quando a gente perde a delicadeza de se deixar mobilizar pelo entorno e recupera isso depois, o valor dos sentimentos se eleva. E pega-se gosto na brincadeira - já que não mata, quero despencar em vertigem de dor até o fundo do poço, e quero subir gargalhando até o infinito supremo, e quero me largar nesse amor feito uma canoa no mar, e quero e quero e quero mais."

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Transliberdade


Corpo exposto na pista: Mercadoria?
Corpo sagrado cortado: Violência?

Corpo, apenas corpo. Nem verso, nem rima.
Chuva, calor, frio, carros, avenidas, mensagens, desejos, sonhos e medos. Corpo atravessados de noites, transações capitalistas.
Corpo, consumo, margens do destino desfeito pela inverossímil  lógica científica. Corpo estranho, objeto desajustado. Corpo história, ausências presentes. Apague os traços dos contornos legais e componha sombras incompreendidas. Corpo registro, negando a mulher que se cria. Humanidade feminina jogada na pista, entretanto se cai na vida, ergue-se na lida. Labuta diária sem pretensões militares. Corpo existente que se pretende existir; Corpo sangue derramado na obscena cruz. Corpo máquinas de entranhas abertas. Não articula fonemas, morfemas, sitaxes, não verbaliza, nomeia ou identifica. Este corpo é um grito: Grito, apenas. Puro grito : esse corpo existe em sua resistência. 


Dário Neto

Band-aid


E pensar que ele girava, girava.. sem ficar tonto, sem ter náuseas. tinha tomado altas doses de alegria, e à essa altura, já não importava mais a velocidade do carrossel. Ele estava em estado de esplendor, é isso. E não havia como ofuscar todo aquele brilho. Quisera alguém estar em seu lugar. 'Sorriso nos lábios, band-aid no coração'. Band-aid, por enquanto.. porque costurar um coração levava tempo, e ele estava tão cheio por dentro, que nem se importava mais o quanto sangrava. O sangue que escorria limpava a sua alma, era a purificação que pudera receber. E em troca, jorrava a claridade. Aquele rapaz se tornara uma fonte.
Apagar certas lembranças é tão difícil quanto criar novas...

O Despertar


Você sabe tão bem quanto eu que uma das principais causas do tédio é a estreiteza de nosso destino. Todas as manhãs nós despertamos iguais ao que éramos na véspera. Ser eternamente o mesmo é insuportável para os espíritos refinados, esses espíritos refinados pela reflexão. sair do próprio eu é um dos sonhos mais inteligentes que um homem pode ter.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Como Hamlet e Ofélia   - Deus lhe deu uma face e você se dá outra, a batalha contra essas duplas identidades, quem somos e quem fingimos ser é inevitável. 

segunda-feira, 15 de abril de 2013



"E no mais, tudo na mais perfeita paz.
Sendo que eu assumo isso mesmo quando se diz que já acabou(...)
Ao menos leve uma certeza, você me deixa doído. Mas só não me deixará doido, porque isso sou, isso já sou."

(Os Novos Baianos)

Enquanto isso, anoitece em certas regiões ...

Tudo quanto penso
Tudo quanto sou
É um deserto imenso
Onde não estou.
(Fernando Pessoa)

Tudo gira em torno da separação, da perda e da distância.
Nossos destinos ou caminhos ou seja lá o que for, eram paralelos. Não podiam se cruzar.
Eu ia tentando não me perder, embora me sentisse um pouco desnorteado, sem minha bússola pulsante
A solidão é o vazio do outro, a falta que faz em mim.


"Linhas paralelas se encontram no infinito" (Caio F.)

domingo, 14 de abril de 2013

Desedificante


Não vou mais falar de amor, de dor, de coração, de ilusão. Não vou mais falar de sol, do mar, da rua, da lua ou da solidão. Meu vício agora é a madrugada. Um anjo, um tigre e um gavião que desenho acordado contra o fundo azul da televisão. Não vou mais verter lágrimas baratas sem nenhum porque. Não vou mais vender melôs manjadas de Karaokê. E mesmo assim fica interessante, não ser o avesso do que eu era antes. De agora em diante ficarei assim... Desedificante.
Meu vício agora...
É o passar do tempo
Meu vício agora...
Movimento, é o vento, é voar... é voar.

Meu Vício Agora Kid Abelha


sexta-feira, 12 de abril de 2013

Fragile

Eu nunca quis parecer um garoto frágil, eu nunca quis ser digno de pena. Se é que pode se aplicar a palavra dignidade ao termo. Mas é que mesmo não querendo, eu sou. Frágil demais, delicado demais, transparente demais. Sou de vidro, quebro, corto. Quem me conhece me enxerga por dentro, quem não conhece acha que enxerga. Eu só queria ser forte, parecer forte, tanto faz. Só não queria que parecer tão fraco me fizesse tão mal. As pessoas são tão insensíveis que ao invés de cuidar de pessoas como eu fazem questão de trincar meu vidro pra ver estilhaçar-me em pequenos pedaços que cá entre nós, sabemos nós que nunca serão colados. Vai sempre existir faíscas de mim por aí, e eu teimo andar descalço.  

quinta-feira, 11 de abril de 2013

A gente só não pode deixar de acreditar...

Não quero mais sair por ai, pisando em um chão desconhecido, me cortando pelo caminho.

Era uma casa não muito engraçada...

Abro a porta e não há mais espaços para mim. Alguma outra coisa ou pessoa ocupou o meu lugar. Mas o meu desgosto é só não enxergar nada além de uma casa vazia. Uma casa vazia que, mesmo vazia, não me cabe. Na sua casa, nunca teve espaço para tudo o que eu queria te oferecer. No máximo, um pouco de afeto, mas só. Só, eu fui procurar abrigo em outras vizinhanças.
A cada porta que fica entreaberta, eu espero que seja a sua. Todas as vezes em que eu olho para a sua casa, não consigo decifrar o que você quer me dizer, se é que ainda existe alguma coisa para ser dita. Alguma palavra que reorganize os nossos cômodos, que me faça querer tirar a poeira dos meus móveis.
Eu desejo que a sua casa esteja sempre limpa, mas por favor, não queria vir e bagunçar a minha. Não a suje com as suas duvidas inúteis que só vão me fazer acreditar que, um dia, você vai voltar para a nossa casa. Agora, sem nós, essa casa já não existe. Deixa-me retirar a poeira que ainda resta e os restos dos cacos espalhados pelo chão, eu não quero mais me cortar com o seu vazio.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Título


Uma lacuna, um hiato, som de vento no deserto... Não esperem por um grande post. Sem nada na cabeça, o pouco que me sobrou está mesmo é no coração.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

O Ser eu

''A única verdade é que vivo. Sinceramente, eu vivo. Agora, quem sou? Isso já é demais.''

É assim que eu vislumbro o deleite e a responsabilidade de assumir a minha busca: o Ser eu. Com todas as minhas limitações, imperfeições e condições humanas e viciadas e maltratadas por anos de convívio prejudicial com o resto da minha raça. Com orgulho e com vergonha de toda a maravilha e abominação contidas em mim. Com o nariz empinado, embora morra de medo, me sustenta a ousadia.Constato sem surpresa nem susto que possuo em mim muitos demônios. 
O pecado me atrai, o proibido me fascina, a insegurança me devora. Tantas vezes o ciúme me cutuca. Mas, por favor, nada de exorcistas, convivo bem com meus íncubos.

A relatividade das pequenas coisas


- Eu quase chorei na despedida...

- Devia ter chorado. É bonito chorar de emoção.. As vezes a gente faz tanta coisa feia e não se envergonha e acaba se envergonhando de fazer o que é bonito.

Ele

Para o Universo,
você é uma pessoa entre quase 7 bilhões de pessoas, pertencente a um planeta que gira em torno de uma estrela que junto com outras 100 bilhões de estrelas compõem uma única galáxia entre outras 200 bilhões de galáxias.

Para mim,
você é aquela que me faz imaginar o quanto seria insignificante todas as 200 bilhões de galáxias, 100 bilhões de estrelas e 7 bilhões de pessoas se uma delas não fosse você.

domingo, 7 de abril de 2013

Coerção

Os homens são o que as mães fazem deles.

Filha da Puta


'Cês me desculpem o palavrão
Eu bem que tentei evitar
Mas não achei outra definição
Que pudesse explicar
Com tanta clareza
Aquilo tudo que agente sente
A terra é uma beleza
O que estraga é essa gente
Filha da puta.
Filha da puta
É tudo filho da puta.

(Ultraje a
Rigor)

'' Soprando um caminho ...''


"Mordo o último biscoito e respiro estimulado. Aí está onde eu queria chegar: milhares de coisas estão subentendidas. Nas entrelinhas. O lado omisso. Quero a verdade, M.N., meu amado, escuta, entenda isso, quero a verdade. E você sugere reticências. Omissões.
 (Lygia Fagundes Telles)



É por estar perdido que eu perco também o medo do que vem a seguir. Estou mais uma vez desarmado, não espero encontrar guerra pior do que a minha aqui dentro. E as mudanças e os bons ventos, acontecem o tempo inteiro. Meus pés estão no ar, a minha mente está leve de novo. E de novo espero a brisa leve da primavera. Quero amanhecer sentindo o cheiro das flores que vão desabrochar para mim, para qualquer pessoa que esteja leve pra a nova estação. A frieza do inverno não mais me amedronta, mas sei dos espinhos que as rosas podem ter. Espero, com todo o coração, não precisar me ferir para desabrochar. A mudança das estações traz mudanças internas. Por favor, estou olhando para dentro também. 

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Enquanto isso...

Agora, eu preciso de você aqui, aqui dentro... A minha necessidade de ti é absurda. Por querer (e querer demais), acabei me envolvendo nas tuas palavras. Nem sempre eu sei quando são só palavras soltas. Eu faço questão de juntá-las, formar meu quebra-cabeça, mesmo que haja alguma falha, que todas as peças não se encaixem perfeitamente...
Disfarço solidão com saudade, é isso que faço todo esse tempo.

"Eu gosto de ficar só,
mas gosto mais de você..."
(Arnaldo Antunes - Sem você)

Você vai estar na minha

Esse cara! Quem é esse homem que me consome, nem sei seu nome ou número do telefone. Meu mundo pára, toda vez que ele passa. Eu perco a fala, mas no fundo eu acho graça...
Que nego é esse? Que despertou meu interesse. Que nego é esse? Que eu tô ganhando a vários meses. Que nego é esse? Não marco toca, não dô blefe. Que nego é esse? Te pego qualquer dia desses... 
Se for atração
Eu não sei não!
E se for paixão
Eu não sei não!
Se for do coração
Eu não sei não!
Eu tô que tô
Tomado pela emoção...

Um dia eu vou estar à tôa e você vai estar na mira.

Negra Li

terça-feira, 2 de abril de 2013

Nós Poetas


Poesia não são rimas, mas letras que choram. Poesia não são formas, são gritos que se escrevem. Poesia não é imaginada, é o lamento da madrugada.
Éramos célebres líricos. Éramos sãos, lúcidos céticos. Cínicos não. Músicos práticos só de canção. Nada didáticos nem na intenção. Tímidos típicos sem solução. Davam-nos rótulos todos em vão. Éramos únicos na geração. Éramos nós dessa vez.  Tínhamos dúvidas clássicas, muita aflição. Críticas lógicas, ácidas não! Pérolas ótimas, cartas na mão. Eram recados pra toda a nação. Éramos súditos da rebelião, símbolos plácidos, cândidos não! Ídolos mínimos, múltipla ação.
Sempre tem gente pra chamar de nós
Sejam milhares, centenas ou dois
Ficam no tempo os torneios da voz
Não foi só ontem, é hoje e depois
São momentos lá dentro de nós
São outros ventos que vêm do pulmão
E ganham cores na altura da voz
E os que viverem verão.


Fomos serenos num mundo veloz
Nunca entendemos então por que nós
Só mais ou menos.

Longe

Onde é que eu fui parar? Aonde é esse aqui? não dá mais pra voltar. Porque eu fiquei tão longe? Onde é esse lugar? Aonde está você? não pega celular e a terra está tão longe.
Não passr um carro si quer  todo comércio fechou, não tem satélite algum transmitindo notícias de onde eu estou. Nenhum email chegou, nenhum correio virá. E eu entre quatro paredes sem porta ou janela pro tempo passar. Dizem que a vida é assim, cinco sentidos em mim. Dentro de um corpo fechado no vácuo de um quarto num espaço sem fim (...) Aonde está você, porque é que você foi? Não quero te esquecer, mas já fiquei tão longe... Tão longe.
Não dá mais pra voltar e eu nem me despedi, onde é que eu vim parar. Porque eu fiquei tão longe?
Jeneci

segunda-feira, 1 de abril de 2013

O herói, o marginal

Me tá subindo uma coragem
Levantai minha bandeira
De tão simples tecelagem
Lã d'indústria brasileira

Oh, o herói, o marginal
O poeta tropical
Dera eu pobre leão
Fazer parte da nação.


M.Magalhães


Uma pena lamentar por algo que não existe mais.'

Gia Carangi 

A Carta



"Eles me disseram tanta asneira, disseram só besteira, feito todo mundo diz.
Eles me disseram que a coleira e um prato de ração era tudo o que um cão sempre quis, eles me trouxeram a ratoeira com um queijo de primeira, que me pegou pelo nariz. Me deram uma gaiola como casa, amarraram minhas asas
e disseram para eu ser feliz. 
Mas como eu posso ser feliz num poleiro?
Como eu posso ser feliz sem pular ?
Mas como eu posso ser feliz num viveiro,
Se ninguém pode ser feliz sem voar?
Ah, segurei o meu pranto para transformar em canto. E para meu espanto minha voz desfez os nós, que me apertavam tanto. E já sem a corda no pescoço, sem as grades na janela e sem o peso das algemas na mão. Eu encontrei a chave dessa cela, devorei o meu problema e engoli a solução. Ah, se todo o mundo pudesse saber, como é fácil viver fora dessa prisão. E descobrisse que a tristeza tem fim e a felicidade pode ser simples como um aperto de mão. Entendeu? É esse o vírus que eu sugiro que você contraia, na procura pela cura da loucura, quem tiver cabeça dura vai morrer na praia."

Para as janelas que irão se abrir


“(...)Sossega, o que vai acontecer, acontecerá.
Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará” 
(Pálpebras de Neblina, Caio Fernando Abreu)


Então, agora é o momento em que as portas se fecham para que as janelas possam ser abertas. Que tragam ventos bons e muita luz, para iluminar esses ciclos escuros que penaram por aqui. Contudo, por ser época de novos ciclos, aqueles que não foram encerrados tendem a voltar. Afinal, não há como abrir espaços para novos ciclos se os velhos ainda não foram fechados.

A Dor

A dor é uma coisa muito esquisita; ficamos desamparados diante dela. É como uma janela que simplesmente se abre conforme seu próprio capricho. O aposento fica frio, e nada podemos fazer senão tremer. Mas abre-se menos cada vez, e menos ainda. E um dia nos espantamos porque ela se foi.

E-ter-na-mente, eternamente.

Secreto, escondido e silencioso; não quero criar mais uma ventania e afastar de vez esse momento de quase paz que estou vivendo. Pior do que a quase-paz é não haver paz.
Então, continuo com meus espectros a te perseguir. sem que você me note, sem que você me veja. Mas veja bem: eu mais que vejo você, eu sinto você. Mesmo quando sentir não basta. Nem todos sabem como é não ter esperanças e ainda assim continua a insistir sem fé alguma. Sem saber o que dói mais, se é a falta ou a presença.

Não vide bula

Você me vê na prateleira, não é nem caso de amor a primeira vista, mas o moço do balcão diz que "é de qualidade", ai então... Tudo certo!
Leva pra casa, pega aquele seu isqueiro comprado no ultimo 'Rock in Rio', em que você ficou tão embriagado que ainda não entende como achou o caminho de volta; me acende.
Vem chegando com essa sua boca, que perto da minha toma todos os espaços, e insinua me tragar. Mas para o meu espanto, não espera, e antes de eu me tornar bituca, miúda; deixa-me de lado, sem ao menos apagar. Pensa que eu não sou assim, do tipo que faz mal a saúde.
Começo a invadir a sua sala de estar, você não entende de onde vem tanta fumaça. Mas eu tinha dito que perigo, quem corria, era você com essa sua ingenuidade disfarçada de mais idade.
Não se deixa fogo aceso no canto, meu bem. Nunca se sabe de onde pode começar um incêndio.