quarta-feira, 17 de abril de 2013

Transliberdade


Corpo exposto na pista: Mercadoria?
Corpo sagrado cortado: Violência?

Corpo, apenas corpo. Nem verso, nem rima.
Chuva, calor, frio, carros, avenidas, mensagens, desejos, sonhos e medos. Corpo atravessados de noites, transações capitalistas.
Corpo, consumo, margens do destino desfeito pela inverossímil  lógica científica. Corpo estranho, objeto desajustado. Corpo história, ausências presentes. Apague os traços dos contornos legais e componha sombras incompreendidas. Corpo registro, negando a mulher que se cria. Humanidade feminina jogada na pista, entretanto se cai na vida, ergue-se na lida. Labuta diária sem pretensões militares. Corpo existente que se pretende existir; Corpo sangue derramado na obscena cruz. Corpo máquinas de entranhas abertas. Não articula fonemas, morfemas, sitaxes, não verbaliza, nomeia ou identifica. Este corpo é um grito: Grito, apenas. Puro grito : esse corpo existe em sua resistência. 


Dário Neto

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