segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Copo Quebrado, Corpo E Alma


Sou viciado em metáforas. Acho que, ao longo da vida, por várias razões, acabei desenvolvendo um forte poder de abstração e passei a enxergar metáforas em quase tudo a minha volta.
Há alguns dias, estava olhando para um copo e comecei a pensar que ele não fazia muito sentido quando estava parado, ali no canto, sem ser usado. Que um copo não pode ser um copo, a menos que desempenhe sua função. E a função do copo é ajudar no ato de beber. Não que antes dele as pessoas não bebessem. Mas devia ser meio chato ter que juntar as mãos em conchinha na beira do rio e levar água para perto da boca toda vez que se tivesse sede. O cara que inventou o copo deve ter sido bem popular na época. 
Como o Santo Graal, os copos são cheios de elementos simbólicos. Copos respiram. Eles se enchem e se esvaziam, repetidas vezes. E precisam disso para existir, igual aos seres vivos. Um copo não pode ser um copo se estiver sempre vazio. Ou sempre cheio. Ele só é um copo quando alguém bebe. É nesse momento, nesse breve instante, que o copo realmente assume sua função. É quando ele vive, com toda a sua "copidade". Mas se ninguém beber, então o copo não respira. Sem respirar, ele não vive. E nunca poderá ser um copo.  Sou viciado em metáforas. Tenho uma facilidade quase autista de criar meu próprio universo, de desgrudar as coisas dos seus contextos originais e associá-las a outras coisas, de acordo com a minha vontade.  Olhando para aquele copo, repousado inutilmente sobre a mesa do meu quarto, não pude deixar de me sentir um pouco triste por ele. Acho que os copos passam a maior parte do tempo esperando para ser copos. Nós que escolhemos não beber. Copos são corações. Anseiam por ser usados. Entregues. Roubados. Até partidos. Quando os copos se quebram, eles querem ser consertados. Nós é que não queremos nos cortar com os cacos. Mas os copos não. Eles não se importam em ser juntados no chão. Pedacinho por pedacinho. Os copos só querem voltar a ser copos. Para que as pessoas nunca parem de beber. E eles nunca tenham que repousar sozinhos sobre as mesas dos quartos. Sou viciado em metáforas. Sou viciado nas entrelinhas, no subtexto, no subentendido, nos múltiplos sentidos, nas várias interpretações. 
Assim como os copos, estamos à mercê do devir, da transitoriedade e de todas as possibilidades do mundo. E, para ser bem sincero, não gostaria que fosse diferente. 
Mas, sei lá. Pode ser só a cachaça falando. 
Porque meu copo está aqui do lado. E eu estou pronto para dar mais um gole.

Alguém já viu aquele comercial do Dove Hair Minimizing em que "mulheres reais" falam sobre os benefícios de ter uma axila bem tratada?
Assim...nada contra cuidar do sovaco, acho super válido cheirar bem... mas quando foi a última vez que você passou na rua e alguém comentou:
- Ô axila gostosa!
Quando?
Quer dizer, será que eu estou sendo ingênuo? Será que esse tempo todo, enquanto eu me preocupava em ficar elegante e fazer um penteado legal, o que as pessoas realmente queriam ver eram axilas bonitas? Ai meu Deus! Por que ninguém me disse antes? Vou agora mesmo na farmácia comprar esse bendito desodorante e tentar recuperar o tempo perdido! 

PS: Eu pensei duas vezes antes de colocar a foto da Marilyn pagando peitinho, mas o Dove Hair Minimizing me convenceu de que as pessoas só iriam reparar nas axilas dela, então tudo bem. Eu, pessoalmente, só reparo no braço cotoco.

Desabafo Do Dia.


Foi de repente. Comigo sempre é assim, acontece do nada. Peguei meu celular e comecei a reler as mensagens salvas no rascunho. Aquelas que eu jamais tive coragem de enviar, mesmo com tanta vontade de dizer tudo o que estava escrito ali.
Havia mensagens destinadas a várias pessoas, mas uma delas insistia em aparecer com uma frequência desproporcional ao restante. Era ele. O meu namorado, que já deixou de ser novidade pra mim e pra todos que me cercam há um bom tempo. Lembro muito bem da última vez que fui até a casa dele. Lembro melhor ainda de quando fui embora. De como eu disse a mim mesmo que aquela provavelmente seria a última e se eu tivesse dito a ele, com certeza, não pestanejaria - no fundo acharia até bom, um alivio. Lembro dos meus passos até o  ónibus, e de sua sombra me virando as costas mesmo antes deu olhar pela janela. Foi tudo tão simbólico que chega a ser ridículo. Lá estava eu, indo embora da casa e de perto dele. E ele ali sem fazer nada. Quase como se não valesse o esforço. Como se a inércia fosse mais confortável. 

Depois de reler cada uma daquelas mensagens, tentei me lembrar das razões que me levaram a escrevê-las. Não sei porque as guardei até hoje. Talvez porque ainda tivesse esperanças de que, num reflexo tardio, ele resolvesse bater naquela porta, me segurar pelo braço e me impedir de ir embora. Mas ele não fez isso, claro que não. Nem nunca fará.
Sem ter mais razão para dizer tudo aquilo, fiz o que devia ter feito há muito tempo.
Finalmente esvaziei minha caixa de rascunho. E fiz o que mais temina. Me congelei.

Mas hoje, eu encontrei por acidente uma, que se diz assim :
'' Todos os dias é um pedaço desse amor que se vai. Não se impressione se um dia eu virar as costas e fechar a porta. Se é que você se importa. Não nasci para mendigar. Não nasci para me humilhar - Mais do que eu já fiz. Você deveria se sentir orgulhoso por todo esse tempo que eu te priorizei, mas você finge não vê. Cansei de chorar por você todos os dias enquanto esta rindo da minha cara. Eu não sei se você é o grande amor da minha vida, mas eu  dei chance para ser . Agora, não sei mais se isso te interessa...''

domingo, 26 de agosto de 2012

Como Escrever Bem.




Fiquei mais de uma semana sem atualizar com um texto mais trabalhado aqui. E olha que não foi por falta de tempo. Juro que tentei postar alguma coisa aqui, mais de uma vez. Achava tudo uma porcaria e desistia no terceiro parágrafo.
O motivo dessa escassez criativa se deve a um paradigma que me acompanha desde os primórdios da minha vida afetiva adulta, ainda pela pós-adolescência, pouco antes de eu começar a investir em roupas emo.
É que eu escrevo muito melhor quando estou com raiva de alguém. E quando eu digo alguém, eu quero dizer um cara. E por cara, entenda sujeito-com-quem-estou-saindo-e-não-está-sendo-muito-bacana-comigo. É impressionante como eu fico produtivo quando minha vida afetiva está uma merda. Quanto mais decepcionado, triste e destruído eu fico, mais legais os textos saem. É como se eu pegasse tudo o que me incomoda, toda aquela massa amorfa de desilusões amorosas, colocasse numa fábrica de massinha e transformasse em estrelinhas, golfinhos e macarrões multicoloridos. Pode ser divertido pra quem vê, mas não necessariamente corresponde ao meu estado de espírito.
O único problema é que, para escrever bem, eu vou ter que começar a procurar problema onde não tem. Vou ter que vestir a carapuça melancólica e super analisar cada detalhe de cada conversa, de cada ligação, mensagem ou e-mail trocado. Vou precisar me ater a entrelinhas imaginárias, adivinhar o que está por trás de todos os pequenos silêncios, criar histórias mirabolantes para justificar questões que provavelmente nunca nem existiram fora da minha cabeça maluca. 
E a recíproca é verdadeira. Quanto mais feliz eu estou, menos interessantes meus textos ficam. Pelo menos pra mim.  Demorei oito dias para escrever essa embromação descarada que vocês estão lendo agora. Desculpem-me por isso. Prometo melhorar.  Para escrever como um verdadeiro fracassado, tenho que assumir desde já que nada vai dar certo, nunca. Que todos estão sempre mentindo e que é só uma questão de tempo (pouco tempo) até tudo dar errado.

É por isso que eu vou pedir desculpas novamente. Sinto muito, caros leitores, mas acho que dessa vez vou preferir escrever mal.



Eu me faço acreditar que você está aqui. É a única maneira que eu tenho de me confortar.O que foi que eu fiz? Você parece superar tudo assim tão facilmente. 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012



Quando eu quero muito dizer uma coisa a alguém, mas sei que não devo, eu escrevo no celular e salvo junto com as mensagens não enviadas. É uma forma de tirar aquelas palavras de dentro de mim, ainda que eu não me livre totalmente do sentimento por trás delas.
Se alguém quiser bagunçar a minha vida sem fazer muito esforço, é só pegar meu celular e sair enviando as mensagens do rascunho. Estão todas lá, compondo meu dossiê secreto daquilo que nunca foi dito. 
Quando eu tenho certeza de que não quero mais dizer aquilo, é porque chegou a hora de apagar a mensagem. E com ela, vai junto o sentimento. 
Um dia ainda esvazio toda a caixa de rascunhos. Até lá, fiquem longe do meu celular.

E você. Já deu hoje?


Após a realização de uma série de pesquisas científicas, finalmente foi comprovado que o número de vezes que um gay repete "eu não vou dar hoje" é diretamente proporcional à probabilidade de  ele  dar nesse dia. 
Isso ocorre porque, enquanto o lado esquerdo do cérebro, responsável pelo pensamento racional, envia um comando como "não se esqueça de ir ao supermercado", o lado direito, responsável pela emoção e pela total falta de vergonha na cara, apenas registra a informação principal, abstraindo a negação da frase. Dessa forma, as chances da pessoa em questão acabar se esquecendo de ir ao supermercado são consideráveis.O que significa que, se um gay  afirmar uma única vez que não vai dar em um determinado dia, no caso hoje, é muito provável que ele  realmente não dê. Agora, se você ouvir esse  mesmo gay dizendo: "Ah, eu não vou dar hoje não. Mas não dou mesmo. De jeito nenhum que eu vou dar hoje. Não, não, não. Hoje eu não dou", a probabilidade de ele estar falando isso enquanto tira a roupa é de 98,4%. 
Esta pesquisa é total e psicológicamente arbitrária. Qualquer semelhança com a realidade... é porque tu deu hoje, né, safado!

domingo, 19 de agosto de 2012

Ser Diferente é Normal Ou é Normal Ser Igual ?



Produção de gente em larga escala não é novidade: falas iguais, argumentos iguais, pensamentos iguais, valores iguais, sonhos iguais… cabelos iguais, roupas iguais e até óculos iguais. Eles se parecem por dentro e por fora, mas é incrível como se ofendem se não têm sua originalidade reconhecida- a velha história de que aqueles óculos horríveis usados por meio bilhão de pessoas ao redor do mundo são uma peça única que representa a expressão exata do estilo e personalidade da pessoa e não a reprodução ridícula de uma moda que aliena e padroniza. So boring... 

Não é só a casca das pessoas que está enfeitada com os mesmos acessórios. O pecado está na moda. Não constrange. É um espetáculo repetitivo que conta com a fidelidade do público que também é protagonista.
E o quanto eu sou influenciado por eles? Quanto em mim veio da mesma indústria que os (re)produziu? Se me reconheço nessas gentes, paro pra pensar. Não porque écool ser diferente, mas porque a única semelhança que me aproxima é a com meus valores- não fui chamado para parecer com mais ninguém. 


quarta-feira, 15 de agosto de 2012





Melhor um na mão do que dois voando? - Nunca acreditei nesse dito popular, hoje em dia se conformar com pouco é uma extrema dificuldade para o ser humano. Conheço gente que tem mais de 2 namorados como se fossem shakes árabes,e o que dizer dos tarados que não se conformam com sexo a dois e partem para o famoso ménage à trois ?- termo chique pra denominar sexo a três-;Posso até parecer careta e até entendo a necessidade que as pessoas tem de amar e serem amadas, mas ménage à trois ,não gente! Ouvi dizer que alguém sempre sobra....Pra tudo tem limites! 

Eu nunca fui um rapaz bem-comportado.
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida,pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluções.
Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo.
Sou dramático, intenso, transitório e tenho uma alegria em mim que me deixa exausto.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar todo encolhido abraçando as pernas.
Por 

isso, não me venha com meios-termos,com mais ou menos ou qualquer coisa.Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Eu acredito é em suspiros,mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis,em alegrias explosivas, em olhares faiscantes,em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma,no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho pavor de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou.'



Adaptação de Maria de Queiroz

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Viviane Mosé







































Hoje sem mais textos.
Venho somente postar um poema de Viviane Mosé a respeito da solidão, porque realmente. Me sinto só.
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Prosa Patética


Nunca fui de ter inveja, mas de uns tempos pra cá tenho tido. 
As mãos dadas dos amantes tem me tirado o sono. 
Ontem, desejei com toda força ser a moça do supermercado. 
Aquela que fala do namorado com tanta ternura. 
Mesmo das brigas
 ando tendo inveja. 
Meu vizinho gritando com a mulher, na casa cheia de crianças, 
Sempre querendo, querendo. 
Me disseram que solidão é sina e é pra sempre. 
Confesso que gosto do espaço que é ser sozinho. 
Essa extensão, largura, páramo, planura, planície, região. 
No entanto, a soma das horas acorda sempre a lembrança 
Do hálito quente do outro. A voz, o viço. 
Hoje andei como louca, quis gritar com a solidão, 
Expulsar de mim essa Nossa Senhora ciumenta. 
Madona sedenta de versos. Mas tive medo. 
Medo de que ao sair levasse a imensidão onde me deito. 
Ausência de espelhos que dissolve a falta, a fraqueza, a preguiça.
E me faz vento, pedra, desembocadura, abotoadura e silêncio. 
Tive medo de perder o estado de verso e vácuo, 
Onde tudo é grave e único. E me mantive quieta e muda. 
E mais do que nunca tive inveja. 
Invejei quem tem vida reta, quem não é poeta 
Nem pensa essas coisas. Quem simplesmente ama e é amado. 
E lê jornal domingo. Come pudim de leite e doce de abóbora. 
A mulher que engravida porque gosta de criança.
Pra mim tudo encerra a gravidade prolixa das palavras: madrugada, mãe, Ônibus, olhos, desabrocham em camadas de sentido, 
E ressoam como gongos ou sinos de igreja em meus ouvidos. 
Escorro entre palavras, como quem navega um barco sem remo. 
Um fluxo de líquidos. Um côncavo silêncio. 
Clarice diz que sua função é cuidar do mundo. 
E eu, que não sou Clarice nem nada, fui mal forjada, 
Não tenho bons modos nem berço. 
Que escrevo num tempo onde tudo já foi falado, cantado, escrito.
O que o silêncio pode me dizer que já não tenha sido dito? 
Eu, cuja única função é lavar palavra suja, 
Neste fim de século sem certezas? 
Eu quero que a solidão me esqueça.



Não sei onde foram parar aquelas minhas fantasias adolescentes sobre o amor. Acho que elas foram se despedaçando e indo embora junto com cada uma das pessoas que - perdoem-me pelo clichê piegas - partiram meu coração.
E o mais ridículo é que mesmo sabendo que elas não passavam de fantasias adolescentes, no fundo eu ainda espero que alguém apareça e me diga "ei, olha o que eu achei na rua, suas fantasias adolescentes; quer de volta?"

Viado é um ser do mal.


Se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que gay odeia gay. 
Não me venham dizer que "aahh, não é bem assim", "eu amo os meus amigos gays". Tirando seu meio tio gay e seu primo gay - e, em alguns casos, incluindo os dois -, parta do pressuposto de que todos os gays te odeiam. Porque se eles não te odeiam agora, eles já te odiaram ou certamente irão te odiar um dia.
Isso ocorre devido a um treinamento que dura gerações, e que foi incutido no nosso subconsciente. Fomos ensinados - senão por nossos amigos, pelo cinema, pela literatura e pela televisão - que os gays são invejosos, que eles vão roubar nossos namorados, que eles são falsos, duas caras, vão falar mal de todos nós pelas costas. Os gays são condicionados, desde muito cedo, a desconfiar dos outros gays, a se separar em grupinhos na balada, a excluir e incluir de acordo com seus interesses e necessidades.
Viado é um ser do mal.
É por isso que eu suspeito muito desses movimentos gays ( tipo a parada gay ). Aposto que no dia em que os gays resolveram fazer aquele primeiro protesto e saíram pela Avenida Paulista em 1997 reivindicando algum direito, do outro lado do mundo, uma tal de Victoria fazia um desfile secreto de lingerie. E daí surgiu a marca. - O que tem haver né!. :S

Acho engraçadíssimas essas convenções do mundo virtual. Quando você está conversando com alguém pela internet, existem vários acordos velados, que vão desde uma carinha sorrindo até o tipo de risada que você dá.
Eu, por exemplo, sou adepto da boa e velha "hahaha". Não curto aquelas variações estranhas, como a "huahuahua" ou a mongolóide caindo da escada "eshuaeshua". A "kkk" me assusta muito, por razões óbvias, a "rsrsrs" se torna absurda quando você tenta visualizar alguém rindo assim e a "hihihi" só pode ser aceita se você estiver conversando com uma gueixa.
Mas mesmo a "hahaha" pode surgir em diferentes versões. Na minha humilde opinião, se você está de papo com o seu peguete e resolve soltar um comentário engraçadinho, o mínimo que ele pode fazer é escrever três "has". Se ele responder "haha" é porque não achou a menor graça e nem se deu ao trabalho de fingir. Responder "hehehe" também não vale. A risada "hehehe" só cabe em momentos safadinhos. Fora isso ela é sinônimo de riso constrangido. Ou seja, "não achei graça e não sei o que dizer". 
Aprendam: três "has" é o limite entre o "não achei graça" e o "não achei graça mas vou fazer um esforço". Se o cara realmente riu do que você falou, ele vai escrever quatro ou mais "has". "Hahahaha", "hahahahaha", mas não mais do que isso. Senão ele é maluco e você deve cortar relações o mais rápido possível.
De todo jeito, é bom deixar claro que a regra dos "has" tem suas exceções. Conversando por webcam, já pude constatar casos de esquizofrenia aguda em que o sujeito digitava vários "has" e não esboçava sequer uma intenção riso. Eu olhava para a conversa e lia "hahahahahaha". Olhava pra imagem da câmera e via a personificação do tédio absoluto.
Ha.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Serviço de Lavanderia



Se os corações fossem pequenas casas, a cada pessoa seria destinado um cômodo.
A grande maioria jamais passaria da cozinha. Ficaria por ali, perambulando, à espera de um convite para a disputada sala de estar, onde tudo supostamente estaria acontecendo.
Enquanto isso, algumas pessoas seriam encaminhadas à área de serviço, onde tentariam colocar as coisas em ordem. Iriam lavar, passar, limpar. Tudo para agradar e, quem sabe, ser recompensadas. Mas, mesmo que o dono da casa as tratasse com carinho, no fundo, elas saberiam o seu lugar. 
Os que forçassem a entrada seriam mandados diretamente para o banheiro, onde ficariam presos até que o proprietário decidisse dar ou não a descarga final.
Aos poucos sortudos, caberiam os quartos. No plural, porque o dono da casa saberia que, ao longo da vida, iria receber mais de um hóspede importante.
Alguns seriam jogados no lixo, é triste admitir. E depois seriam levados para fora de casa, em grandes sacos pretos. Outros até trocariam de cômodo. Dentre os festeiros da sala, um deles poderia passar a noite no quarto. Talvez mais de uma. E, talvez, depois de várias noites, esse mesmo indivíduo poderia acabar indo embora pela descarga.
Não existem regras definidas para o funcionamento dessa pequena casa. Uma mesma pessoa pode ocupar diferentes cômodos em diferentes corações. Você pode estar fadado à área de serviço de um, mas também pode ocupar a suíte master de outro. 
Todos nós, se já não estivemos, ainda estaremos em cada um desses lugares e experimentaremos a frustração de não nos sentirmos devidamente alocados. Mas, com sorte, também saberemos como é bom ser escolhido para um cantinho quente e protegido da casa.
De todo jeito, a maneira mais surpreendente de se conquistar um coração é quando você entra pela área de serviço, de mansinho. Sem muito alarde, você chega até a festa da sala e, pouco a pouco, acaba se destacando entre os demais convidados. Quando menos espera, sua escova de dente já está no banheiro. Abrir a porta do quarto agora é uma mera formalidade. Porque, a essa altura, a casa inteira também é sua. 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012




































As pessoas por aí vivem para os olhares dos outros. Pobres vaidosos. Diante de tanto egocentrismo, o que me salva é guardar o que é simples, humilde, pouco.. Como as sereias, que me impressionam pela figura mística que se criou ao redor de seus poderes vocais. Mas, as sereias possuem uma arma ainda mais terrível do que seu canto: seu silêncio.



'Pra mim poucas coisas na vida fazem sentido, e das que fazem, estas, não tiram de mim muito desfrute porque teimo em deixa-las a mercê. ' 
_ Encontrei essa frase confusa escrita por mim num documento e fiquei horas divagando o sentido, mas, como gente que não tem que fazer não tem mesmo o que fazer..Fiquei aqui atónito relembrando uma pedaço de mim que eu deixo a mercê..Minhas responsabilidades. Hoje mesmo tenho que pegar meu secador no conserto, ir para a segunda seção da minha tatuagem - que espero ser a ultima - e voltar pra casa para divagar mais um pouco, porque desde que fui demitido do trabalho, eu não tenho feito outra coisa a não ser sentar aqui e pensar no que fazer. O que fazer geralmente procede o nada. Ultimamente eu ando vazio, sem criatividade e sem muitas vontades, mas a gente se esforça  pra não deixar a mente em branco e não pensar em merda. Falando em merda..Sem merda não se vive...Já fiz tanta merda na vida,  vocês nem podem imaginar, acho que foi por isso que eu dei certo, porque as vezes a merda aduba né!. Meu cabelo cresce de tanto pensar merda. 

terça-feira, 7 de agosto de 2012


Já há alguns anos pessoas albinas despertam minha atenção. É interessante que as características que os tornam “diferentes” e levam a uma sensação de exclusão e de “estranheza” são as mesmas que me atraíram e me despertaram em termos de beleza. Aprecio, sobretudo os tons rosados da pele, os cabelos e os pelos totalmente descoloridos, alem do meu interesse particular em conhecer um pouco mais do universo dessas pessoas que, na grande maioria, sentem-se “à margem” no convívio social.






-> http://www.youtube.com/watch?v=8mg8SyAJfaw

A gente acredita em tanta coisa no decorrer da vida. 
Acreditamos que não vamos ficar sozinhos por muito tempo, que vamos encontrar respostas para tudo.
Esperamos muitas coisas também. No final, eu acho que esperamos somente sermos felizes, por isso tropeçamos no meio, para conseguir chegar no final encontrando as coisas que procuramos a vida inteira. A mim, não interessa por onde começar, eu realmente não dou tempo para o fruto amadurecer na árvore, talvez esse seja meu grande defeito...Não esperar.
A gente acredita e espera da vida um milhão de caminhos para escapar, um milhão de motivos pra acreditar.'

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Eu ando meio afastado daqui já a algum tempo, não tenho escrito nenhum texto interessante e auto-destrutivo, como de costume. Na verdade ando meio depressivo e não gosto de escrever nesse estado, acho piegas, massante...  Mas de qualquer modo venho pra pedir paciência aos meus queridos leitores, durante esses dias de chuvas no meu coração, a única razão que me move a diante é acreditar e esperar algum sorriso no rosto amanhã.





E se existe algum Deus, você acha que ele está satisfeito?
Quando ele olha para nós, imagino o que ele vê..
Você acha que ele acha que as coisas que fazemos são perda de tempo?
Talvez ele ache que estamos indo bem.
Você acha que ele está se
m dinheiro ou é estável financeiramente?
E quando chegam as eleições eu imagino em quem ele votaria.
Desde que ele consegue se lembrar, pessoas morrem em seu nome
E isso foi antes daquele Setembro, muito antes dos ataques com os aviões.
Ele perdeu a direção, não pode decidir, ele já não sabe o que é certo ou errado.
Mas ele tem certeza que essas coisas estão acontecendo há muito tempo.
Você acha que ele anda num carro sem seguro?
Você acha que ele é interessante ou que iria nos cansar?
Você acha que as pessoas preferidas dele são as brancas?
Você acha que ele já fraudou os impostos?
Você acha que ele é bom em lembrar o nome das pessoas?
Você acha que ele já usou cocaína? Eu não acho que ele seja suicida, e aposto que sua banda preferida é Creedence Clearwater Revival.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012




Se você me desse apenas uma moeda por cada grosseria e brincadeira de mal gosto que faz, eu seria mais rico que o  Zuckerberg. Desculpe-me pela minha vida deprimente, eu sei que não sou perfeito. Não posso ser tão bonito, atraente e tão perfeito quanto você gostaria. Você, que é mais bonito, atraente e mais perfeito que todo mundo. Deveria as vezes se olhar no espelho. Humildade é uma fortuna hoje em dia. Eu quis tantas vezes que você visse meu coração atrás dos meus olhos cansados, mas acho que meus apelos não me levaram a lugar nenhum. A partir de hoje, eu não falarei mais nada e voltarei ao mar de silencio que você pensou ter me tirado, e de onde , por sua causa, por todo esse tempo, evitei ter morrido afogado. 
Eu não sou o garoto mais bonito do mundo. Mas acho que se procurar você encontra, só não sei se vai encontrar alguém como eu. Deve encontrar coisa melhor né, já que um dia você disse que eu era ' coisa pouca '. Mas não era pra levar sério, afinal de contas, foi só mais uma brincadeira. Ganhei outra moeda, minha carteira está pesando. Senhor Perfeito.