Sou viciado em metáforas. Acho que, ao longo da vida,
por várias razões, acabei desenvolvendo um forte poder de abstração e passei a
enxergar metáforas em quase tudo a minha volta.
Há alguns dias,
estava olhando para um copo e comecei a pensar que ele não fazia muito sentido
quando estava parado, ali no canto, sem ser usado. Que um copo não pode ser um
copo, a menos que desempenhe sua função. E a função do copo é ajudar no ato de
beber. Não que antes dele as pessoas não bebessem. Mas devia ser meio chato ter
que juntar as mãos em conchinha na beira do rio e levar água para perto da boca
toda vez que se tivesse sede. O cara que inventou o copo deve ter sido bem
popular na época.
Como o Santo Graal, os copos são cheios de elementos simbólicos. Copos respiram. Eles se enchem e se esvaziam, repetidas vezes. E precisam disso para existir, igual aos seres vivos. Um copo não pode ser um copo se estiver sempre vazio. Ou sempre cheio. Ele só é um copo quando alguém bebe. É nesse momento, nesse breve instante, que o copo realmente assume sua função. É quando ele vive, com toda a sua "copidade". Mas se ninguém beber, então o copo não respira. Sem respirar, ele não vive. E nunca poderá ser um copo. Sou viciado em metáforas. Tenho uma facilidade quase autista de criar meu próprio universo, de desgrudar as coisas dos seus contextos originais e associá-las a outras coisas, de acordo com a minha vontade. Olhando para aquele copo, repousado inutilmente sobre a mesa do meu quarto, não pude deixar de me sentir um pouco triste por ele. Acho que os copos passam a maior parte do tempo esperando para ser copos. Nós que escolhemos não beber. Copos são corações. Anseiam por ser usados. Entregues. Roubados. Até partidos. Quando os copos se quebram, eles querem ser consertados. Nós é que não queremos nos cortar com os cacos. Mas os copos não. Eles não se importam em ser juntados no chão. Pedacinho por pedacinho. Os copos só querem voltar a ser copos. Para que as pessoas nunca parem de beber. E eles nunca tenham que repousar sozinhos sobre as mesas dos quartos. Sou viciado em metáforas. Sou viciado nas entrelinhas, no subtexto, no subentendido, nos múltiplos sentidos, nas várias interpretações.
Assim como os copos, estamos à mercê do devir, da transitoriedade e de todas as possibilidades do mundo. E, para ser bem sincero, não gostaria que fosse diferente.
Mas, sei lá. Pode ser só a cachaça falando. Porque meu copo está aqui do lado. E eu estou pronto para dar mais um gole.
Como o Santo Graal, os copos são cheios de elementos simbólicos. Copos respiram. Eles se enchem e se esvaziam, repetidas vezes. E precisam disso para existir, igual aos seres vivos. Um copo não pode ser um copo se estiver sempre vazio. Ou sempre cheio. Ele só é um copo quando alguém bebe. É nesse momento, nesse breve instante, que o copo realmente assume sua função. É quando ele vive, com toda a sua "copidade". Mas se ninguém beber, então o copo não respira. Sem respirar, ele não vive. E nunca poderá ser um copo. Sou viciado em metáforas. Tenho uma facilidade quase autista de criar meu próprio universo, de desgrudar as coisas dos seus contextos originais e associá-las a outras coisas, de acordo com a minha vontade. Olhando para aquele copo, repousado inutilmente sobre a mesa do meu quarto, não pude deixar de me sentir um pouco triste por ele. Acho que os copos passam a maior parte do tempo esperando para ser copos. Nós que escolhemos não beber. Copos são corações. Anseiam por ser usados. Entregues. Roubados. Até partidos. Quando os copos se quebram, eles querem ser consertados. Nós é que não queremos nos cortar com os cacos. Mas os copos não. Eles não se importam em ser juntados no chão. Pedacinho por pedacinho. Os copos só querem voltar a ser copos. Para que as pessoas nunca parem de beber. E eles nunca tenham que repousar sozinhos sobre as mesas dos quartos. Sou viciado em metáforas. Sou viciado nas entrelinhas, no subtexto, no subentendido, nos múltiplos sentidos, nas várias interpretações.
Assim como os copos, estamos à mercê do devir, da transitoriedade e de todas as possibilidades do mundo. E, para ser bem sincero, não gostaria que fosse diferente.
Mas, sei lá. Pode ser só a cachaça falando. Porque meu copo está aqui do lado. E eu estou pronto para dar mais um gole.