quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

20 anos Blues




__ Eu tenho mais de 20 anos
E eu tenho mais de mil perguntas sem respostas.
Os meus pais nas minhas costas
Eu tenho mais de vinte muros.
Essa calma que inventei, bem sei
Custou as contas que contei.
Ontem de manhã quando acordei
Olhei a vida e me espantei
Eu tenho mais de 20 anos




Guimarães R.


"[...]Vou ensinar o que agorinha eu sei, demais: é que a gente pode ficar sempre alegre, alegre, mesmo com toda coisa ruim que acontece acontecendo. A gente deve de poder ficar então mais alegre, mais alegre, por dentro!"

Lembro de você como memória viva, que logo se mistura com outras memórias e forma um emaranhado de momentos. Continuo sem querer entender o porquê desses afastamentos, se por dentro estavamos sempre tão presentes. Sem dores e sem cicatrizes, houve uma partida?

Não lembro o momento exato em que dissemos a-deus. Ainda não era tarde.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Pseudo Eu

Olhem bem para a foto ao lado.
Sou eu. Ou melhor, era eu, quando eu tinha uns 16 ou 17 anos. Eu era estranho.
A começar pelo imensa franja do meu cabelo, uma coisa mezzo Família Adams , mezzo Eduard - Mãos de Tesoura. O Tim Burtom se inspirou nessa foto pra fazer o Filme ... rs  Eu poderia passar o dia mencionando os detalhes dessa rica foto, de uma Era Pré-Photoshopiana, mas vou me resumir ao que realmente importa agora: eu era estranho.
E uma pessoa com esse nível de estranheza aprende desde cedo o que é ser alvo de piadas. Se hoje eu consigo rir e fazer os outros rirem com isso, é porque um longo caminho já foi e continua sendo percorrido.
Não existe nada mais fácil do que sacanear quem já é frequentemente sacaneado. É tiro certo, todos vão achar graça. Mas aí não estamos falando de humor. O nome disso é bullying.
Anos se passaram desde que essa foto foi tirada e agora eu me vejo em um cenário muito parecido com o que eu vivi quando era só um garoto estranho. Não sou a favor de fazer graça de quem já tem que lidar diariamente com a intolerância. Sou a favor de se fazer piada da intolerância em si. Em colocar na mesa os nossos podres para que a gente lembre que eles existem... Hoje eu tenho a certeza de que a graça não está em ridicularizar o diferente.
O meu objetivo sempre será alfinetar o preconceito que era vigente  que existe e não deve ser ignorado. Eu quero ter uma voz bem sucedida, que rompe a barreira do politicamente correto em prol do respeito as diferenças, que consegue, de maneira muito sagaz, ser ao mesmo tempo ácido e construtivo.
E é nessa via de pensamento que eu acredito.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Será ?


"Se o que eu sou é também o que eu escolhi ser, 
aceito a condição. "
(O Velho e o Moço, Los Hermanos)

Digam a todos que se eu for e não mais voltar, é por excesso de coragem, excesso de bagagem no coração e nos ombros. E pra deixar tudo pelo caminho e seguir viagem, só mesmo uma loucura, um recomeço. Meço com fita métrica o caminho pra onde ir, e não sei aonde chegar.
Só sei que devo chegar, que quero chegar. Conseguirei desatar os nós antes do último por- 
do-sol. Serei livre, serei leve... Será?

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Suspiros, lamentos e grunhidos

(...) Ainda lembro daquela noite de arrependimentos, suspiros, lamentos e grunhidos. E lágrimas silenciosas.
Voltei para casa cheio de esperma, com o rosto manchado, e minha mãe me esperava dormindo no sofá.
- Estou aqui - falei. - Cheguei.
Ela estava muito sonolenta para me repreender pelo horário, portanto acenou com a cabeça e foi para o seu quarto.
Entrei no banheiro, me olhei no espelho e não vi mais a imagem daquele que se examinava encantado alguns anos antes. Vi olhos tristes, que as lágrimas escorrendo pelo rosto tornava ainda mais miseráveis. Vi uma boca que tinha sido violentada diversas vezes naquela noite e que tinha perdido o seu frescor. Me sentia invadido, emporcalhado por corpos estranhos.


Entrei no box do banheiro com agua escaldante caindo pra tirar o cheiro daquele líquido da pele, com o corpo que, ainda agora me lembro, quando escrevo no meio da noite, cheira a sexo.

Quarto de dormir.


Um dia desses você vai ficar lembrando de nós dois
E não vai acender a luz do quarto quando o sol se for
Bem abraçada no lençol da cama vai chorar por nós
Pensando no escuro ter ouvido o som da minha voz
Vai acariciar seu próprio corpo e na imaginação
Fazer de conta que a sua agora é a minha mão
Mas eu não vou saber de nada do que você vai sentir
Sozinha no seu quarto de dormir

No cine-pensamento eu também tento reconstituir
As coisas que um dia você disse pra me seduzir
Enquanto na janela espero a chuva que não quer cair
O vento traz o riso seu que sempre me fazia rir
E o mundo vai dar voltas sobre voltas ao redor de si
Até toda memória dessa nossa história se extinguir
E você nunca vai saber de nada do que eu senti
Sozinho no meu quarto de dormir.
Marcelo Jeneci

Luna


Você, lua. Quantas são as canções que ressoam, desejos que através dos séculos marcaram o céu para chegar a você. Porto para poetas que não escrevem e seguidamente perdem suas cabeças. Você que acolhe os suspiros de quem sofre por amor e doa um sonho a cada alma. Lua que me olha agora, ouça-me: 
Você, lua que conhece o tempo da eternidade e a trilha estreita da verdade, faça mais luz neste meu coração, este coração de garoto que não sabe que o amor pode esconder a dor, como uma chama pode queimar-lhe a alma. Você, lua. Você clareia o céu e a sua imensidão, nos mostra somente a metade que quer, como quase sempre depois nós faremos. Anjos de argila que não voam. Almas de papel que se incendeiam, coração como folhas que depois caem, sonhos feitos de ar que desaparecem. Filhos da terra e filhos seus.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Afetividade Torta


Acho que o maior problema dos relacionamentos contemporâneos é da ordem gastronômica. Da forma como eu vejo - e talvez esteja influenciado pela fome - as pessoas são como grandes tortas de sabores variados. Algumas a gente bate o olho e já sabe que vai gostar, às vezes só pelo cheiro. Outras vezes, a gente segue a intuição e só depois descobre que é alérgico a nozes, ou pior, que a torta em questão curte sertanejo universitário. Mas, ao contrário do que você possa estar pensando, o problema dos relacionamentos contemporâneos não reside no fato de que somos tortas gigantes. Tortas são bonitas e gostosas, na grande maioria das vezes - exceto nas festas de confraternização de colegas de trabalho. A tristeza da coisa está na constatação de que estamos vivendo uma espécie de comidaaquilorização da afetividade. Isso significa que, devido a alta oferta de tortas no mercado, ninguém consegue se focar em apenas um sabor. O que temos hoje é uma porção de tortas sendo vorazmente garfadas e deixadas de lado, aos pedaços, disformes, tristes. Todo mundo quer um pedacinho de torta, uma fatiazinha fina do tipo "estou-de-dieta-não-quero-muito". Tem sempre alguém querendo dar uma mordiscada, uma lambidinha, uma passadinha de dedo marota. O que ninguém quer - ou tem coragem de fazer - é arriscar e levar a torta inteira para casa. E essa é a grande lástima da nossa geração. Estamos acostumados a tirar lasquinhas de várias sobremesas e levar à balança do restaurante para pesar. Estamos acostumados a ter muitas, muitas opções de comida. E de pessoas. Conheço gente que tem mais de 1.000 amigos no Facebook. Como se alguém fosse fisicamente capaz de ter mil amigos. E qual é o resultado disso? Tortas garfadas e destroçadas, sem lugar cativo na geladeira de ninguém, vagando por aí, pelas noitadas, pelas festas, tristes, tortas. E, pouco a pouco, elas vão perdendo a doçura. Vão se tornando descrentes, azedas, estragadas pelo ataque dos garfos despretensiosos. Somos tortas. Claro que somos comidas. Mas o que eu queria mesmo era experimentar a sensação de ser o preferido de alguém. Aquele que é levado dentro do pacote - o pacote completo, com todos os defeitos e qualidades, com todas as garfadas sofridas, com tudo aquilo que faz de mim a torta gigante que eu sou. Estou farto de me pedirem pedacinhos. Quero ser levado por inteiro.

Mario Quintana


Não tenho vergonha de dizer que estou triste, 
Não dessa tristeza ignominiosa dos que, em vez de se matarem, fazem poemas: 
Estou triste por que vocês são burros e feios 
E não morrem nunca...

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Tempo pra quê?



"Ah, será que o tempo tem tempo pra amar?
 Ou só me quer tão só?
 E então se tudo passa em branco eu vou pesar"
(O Tempo, Móveis Coloniais de Acaju)

"- Desculpa, eu estava sem tempo. Foi uma correria, acabei esquecendo."

Esquecimento é desculpa de quem não se importa. A falta de tempo é a aliada da mentira. Quando a gente se importa, o esquecimento vira fantasma. Se o tempo está corrido, a gente dá um freio nele e manda um sinal, um aviso de fumaça, um bilhete colado da geladeira.
Quem não se importa, não se importa em inventar uma desculpa. Qualquer desculpa assim, só para fingir que se importou, pra não ferir o ego de boa pessoa.
Quem não se importa diz "me liga mesmo", e não "eu te ligo". A pessoa que não se importa não quer firmar compromisso, não quer ter a obrigação de ligar no outro dia, de ligar no mesmo dia, de ligar.

Falta de tempo é ter coisa melhor pra fazer.

Ser, às vezes, sangra.

Estou tendo que sucumbir ao prazer para ter o desprazer de não querer mais a tudo isso. O veneno como antídoto. A farpa como cura para a ferida. Jogo-me da sacada do prédio e me corto por inteiro, só assim poderei crescer de novo. Preciso da queda para saber que nem sempre estou no chão. Dói, fere.. às vezes, mata. Mas a gente renasce. E se deixa florir por inteiro, com alguns espinhos, mas sem folhas secas. O outono está passando, meu amor. Quero florir mesmo com o inverno batendo na porta. Porque agora, sem cobertor, a única forma de me aquecer é me abraçar. Estou me deixando doer, para que mais tarde eu possa alcançar essa paz tão desejada e tão mistificada. Onde os sons das palavras formam o silencio. O silencio que me habita e que ainda não descobri. Sinto que estou perto.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Assexualidade


Acredito que o amor advindo da sexualidade seja utópico, falacioso. Sexo tem sido na história da humanidade o grande declive de tudo, começando pela seleção desordenada da natalidade humana e terminando nos grandes massacres promovidos pelas guerras mundiais.

Paz e amor???
Não!
Assexualidade e paz! 

Com Você a Distância


Até que você se torne
Parte da minha alma
Nada vai me confortar
Se você também não está confortado
Além de seus lábios
Estão o sol e as estrelas
Contigo e a distância
Meu amado, eu estou.

No vazio cabe um monte de coisa, mas nenhuma se encaixa. Todas deslizam pelo rio de lágrimas que inundam todos os meus andares vazios. A hora que eu chorar, vai ser o choro mais triste do mundo.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Psycho Killer


Eu tenho um stalker.
Tem gente que tem encosto, tem gente que tem sogra, tem gente que tem irmão siamês. Eu não. Eu tenho um stalker.Outro dia, entrei no contador do blog para checar a quantidade de acessos e me deparei com uma porção de números chamados IPs. Pelo IP, eu posso saber, dentre outras coisas, de onde veio cada click.Só que eu fui notando uma certa frequência na aparição de um dos IPs. Uma frequência que ia se tornando cada vez mais assustadora enquanto eu percorria o histórico de visitas.Assim... não é só o fato da pessoa acessar este blog umas oito, nove, dez vezes por dia. Todo dia. O mais intrigante são os horários que a criatura entra.Ontem, por exemplo, meu stalker começou cedo. Umas 7:00h da manhã, ele já estava de prontidão e efetuou seu primeiro acesso. Depois disso, não parou mais. Tenho registros da entrada dele às 9:13h, 11:24h, 13:17h, 15:15h, 18:31h, 19:05h, 23:02h, 00:48h, 1:33h, 2:16h e 4:22h.E como se isso não bastasse, no dia seguinte, lá estava ele de novo. Às 8:18h.Curioso que sou, comecei a acompanhar a saga desse sujeito, que parece não desistir do meu calabouço.Chego a me questionar se ele é, de fato, humano. Porque a impressão que eu tenho é de que se trata de algum tipo de Exterminador do Futuro. E essa "coisa" não vai dormir, não vai comer, não vai parar até conseguir o que quer. Que é me matar, naturalmente. E olha que o IP dele é da minha cidade, sinal de que o perigo está bem próximo.Hoje eu entrei no blog para dar uma olhada nos comentários e depois fui checar se havia novos acessos do meu stalker. Foi aí que eu me dei conta de que, pela coincidência de horários, o stalker era... na verdade...
eu mesmo.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Solidão

A solidão é o preço que temos de pagar por termos nascido neste período moderno, tão cheio de liberdade, de independência, da busca pelo amor e do nosso próprio egoísmo.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Uma consideração sobre o meu humor.



É verdade. Ando com o humor igual ao índice Dow Jones - em queda. Um ou outro acontecimento tira um sorriso de mim, mas ando sem muita motivação para distribuir sorrisos, simpatia e leveza.

Enquanto a fase ruim não passa, eu vou escrevendo tudo o que me irrita.

Mas, logo logo, vai passar. 

Pode ser que amanhã eu acorde incrivelmente doce e com a bolsa fechando em alta.

Seja Confiável



Para você ser amigo de alguém, seja, primeiro, confiável.

Eu sempre vou bater na tecla de que você não pode ter amigos e nem ser amigo de ninguém se você não sabe guardar uma conversa, se você não sabe evitar conflitos entre outras pessoas, se você não sabe, enfim, ser confiável.

Eu decididamente rebaixo essas pessoas à categoria de 'jamais conte algo da sua vida a elas' e morre dentro de mim todo e qualquer excesso de carinho e respeito.

A gente passa a se falar só em encruzilhadas.

E um 'tchau' fica sendo o nosso maior cumprimento.

Beijos e não me liga.

Duplos Sentidos



POR FORA, pode ser que ele tenha uma camada formada por chocolate do tipo meio amargo. Quando partido, revela aroma surpreendentemente agradável, extrato de mel e de frutas vermelhas.

COM LUZ, ele se derrete inteiro. Sem, ele se faz energia e dispensa embalagens.

Pode ser cortado em pedaços, mas vai manter o aspecto natural do produto.

... assim é ele. Quer provar??

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013



Eu tenho dificuldade de conviver com quem se emociona a cada cinco minutos. É que as minhas emoções, se não escritas, estão sempre guardadas em caixinhas coloridas. Eu procuro deixá-las nos armários da minha vida. Quando eu preciso, vou lá, faço uso delas mas, volto a guardá-las sem grande alvoroço.

Não gosto de ninguém dominando o meu território mais íntimo. Deixa que das minhas caixinhas sentimentais, cuido eu.

Desejos



Eu poderia respeitar mais as minhas vontades. Poderia, amiúde, desviar o olhar desta razão que mora em mim para satisfazer os desejos do meu coração.

Mas, tenho mania de não alimentar a minha fome. Parece que há prazer em viver de vontades.
Eu, eu quero muito. Quero mais a que minha coragem permite. Não vou ao encontro do meu sonho porque me sinto frágil, digo totalmente vulnerável, nas mãos dele.

Vamos combinar que, muitas vezes, há mistério nisso. Mas, há dor também. Há muita dor misturada com a falta de coragem.

Então, fica o desejo ... até 'não sei quando'.