Olhem
bem para a foto ao lado.
Sou
eu. Ou melhor, era eu, quando eu tinha uns 16 ou 17 anos. Eu era estranho.
A
começar pelo imensa franja do meu cabelo, uma coisa mezzo Família
Adams , mezzo Eduard - Mãos de Tesoura. O Tim Burtom se
inspirou nessa foto pra fazer o Filme ... rs Eu poderia passar o dia
mencionando os detalhes dessa rica foto, de uma Era Pré-Photoshopiana, mas vou
me resumir ao que realmente importa agora: eu era estranho.
E
uma pessoa com esse nível de estranheza aprende desde cedo o que é ser alvo de
piadas. Se hoje eu consigo rir e fazer os outros rirem com isso, é porque um
longo caminho já foi e continua sendo percorrido.
Não
existe nada mais fácil do que sacanear quem já é frequentemente sacaneado. É
tiro certo, todos vão achar graça. Mas aí não estamos falando de humor. O nome
disso é bullying.
Anos
se passaram desde que essa foto foi tirada e agora eu me vejo em um cenário
muito parecido com o que eu vivi quando era só um garoto estranho. Não sou a
favor de fazer graça de quem já tem que lidar diariamente com a intolerância.
Sou a favor de se fazer piada da intolerância em si. Em colocar na mesa os
nossos podres para que a gente lembre que eles existem... Hoje eu tenho a certeza de que a graça não está em
ridicularizar o diferente.
O
meu objetivo sempre será alfinetar o preconceito que era vigente que
existe e não deve ser ignorado. Eu quero ter uma voz bem sucedida, que rompe a
barreira do politicamente correto em prol do respeito as diferenças, que
consegue, de maneira muito sagaz, ser ao mesmo tempo ácido e construtivo.
E
é nessa via de pensamento que eu acredito.