terça-feira, 29 de julho de 2014

Sangue de Coca-Cola

Tenho um gosto estranho... Sempre tive.
Gosto do diferente, do irreverente, do incomum.
Sempre achei que o belo é muito relativo, não existe uma lei que determine o que é ou não bonito.
Atribuo esse meu gosto exótico à minha “linda” personalidade. Não gosto de padrões. Não me atrai o “perfeitinho”.
Na verdade, não gosto de nada “inho”: bonitinho, bonzinho, quietinho, certinho... Credo!
Me atrai o imperfeito, o inacabado, o desarrumado, desajeitado...
Me enlouquece o proibido...
E o mais delicioso é que amo ser assim.
Adoro o meu jeito, que me faz único...
E tenho certeza que eu não me suportaria se fosse igual a todos os outros.
Eu nunca quis o clichê em minha vida. Eu busco o incomum. Apenas ele me atrai. Não quero o que todo mundo procura. Não. Não tenho ninguém como espelho. Eu quero o amor. Eu quero a felicidade. Eu quero a esperança. Porém, na minha forma incomum.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Batismo


Entre porres de bourbon
e ressacas marinhas
delirium tremens
febres terçãs
vestígios de naufrágios
canteiros de martírios
salmos, epifanias
mosaicos de neon
preso em teu labirinto entre fortes
desde as maciças retas concretas
de tua carnadura urbana
às tenras curvas abstratas
de tuas coxas mundanas
dentro de ti – ai de mim! -, Copacabana
fiz meu rito de passagem
meu batismo de fogo:
fiz-me
homem
menino
poeta.


Marcelo de Souza

quinta-feira, 10 de julho de 2014

25 Anos de Destruição


'' Ascensão e a decadência ''- assim defino minha vida - devido ao uso de drogas, fiz de mim um exemplo errado de vida adolescente. O garoto de interior que contou com a sorte de vir para a capital não soube lidar com as pressões do ' novo mundo ' e de sua própria vida. Minha personalidade vulcânica sempre foi acentuada por sérios problemas familiares, emocionais e por um constante preconceito frente à minha assumida homossexualidade. Talvez esses tenham sido os motivos que me levaram às drogas e aos seus fins trágicos, ao longo de meus jovens anos. Minha vida nesse blog é sempre cruamente mostrada como uma tristeza e decadência infindável. Nunca fui inocente apesar de uma fragilidade aparente. Fiz o que quis, levo uma vida sinuosa e cheia de excessos. Trabalhei e estudei em lugares de todos os tipos, dos mais importantes aos irrelevantes. Meu único equívoco, em toda essa história pedante, foi não saber administrar minhas relações afetivas – familiares e pessoais.
Inseguro e carente, eu encontrei no álcool, maconha e cocaína o alento que não achei naquele que considerava o grande amor da minha vida, meu pai, e na falta de apoio da minha mãe – sempre retratada de forma traumática nesse blog –, o fio condutor de diversas crises, que alterna momentos de intenso amor – pela vida e pelas pessoas a meu redor – mas nunca por mim mesmo. Sem encontrar apoio na família, e ignorado pelos amigos, cheguei a uma inevitável decadência em minha jovem vida, enquanto encaro a crueldade da dependência química. Meus
escândalos e problemas crescem a cada dia e isso confere a esse blog biográfico, muitas vezes, certa excessividade, porém sem perder o lado crível. minhas fragilidades são expostas de forma bastante diretas e pontuais, seja nas fotografias, nas edições ou nas letras e poesias de outros autores. Consigo ao menos a proeza de mesclar o luminoso dessa decadência  com minha agonia interna,  intensa, vibrante e hipnótica, que ofusca minhas qualidades mais saldáveis e meus níveis de paz com a sobriedade. Mesmo com alguns tropeços, o Calabouço cumpre seus fins, já que o próprio autor - eu - queira alertar para os perigos da solidão sem fim, ainda que sem recompensas, a poucas semanas dos meus 25 anos de destruição. Sigo sem importância e sem saber pra onde ir.