Estive gastando toda uma vida ponderando se
valia a pena apontar para mim mesmo o lado ensolarado do Ser Eu. Com todas as
minhas limitações, imperfeições e condições humanas viciadas e mal tratadas por
anos de convívio prejudicial com o resto da minha raça. Com orgulho e com
vergonha de toda a maravilha e abominação contidas em mim. Com o nariz
empinado, embora morra de medo, me sustenta a ousadia. -Constato sem surpresa nem
susto que possuo em mim vários demônios. O pecado me atrai, o proibido me
fascina, a insegurança me devora. Tantas vezes o ciúme me cutuca. Mas, por
favor, nada de exorcistas, convivo bem com meus íncubus. Bom, pelo menos meus demônios
passeiam ao redor de mim ( e dos que amo e desejo ), pois não me incomoda a
inveja. E nem a cobiça. Desejaria que minhas falhas e lapsos machucassem só a
mim, mesmo sabendo que isso é fantasia. Fazer o quê? Esperar que os que se
ferem com meu egoísmo também usufruam da minha generosidade? Já de saída me
sinto intimado pela claridade. Não tenho absolutamente o costume de notar mais
coisas boas em mim, falta de prática ou de aptidão. Não se trata de falsa
modéstia, já que não me alimenta a bajulação alheia ( ah, o ego!!! Monstrinho
disfarçado de auto - estima. .. ). Talvez pelo sentimento que não passa de
obrigação ser o melhor possível. Tamos aí pra isso mesmo. Ninguém devia merecer
prêmio por ser legal, honesto, íntegro. Isso deveria constar como pré -
requisito básico para Ser Humano. Mas entre Nobels e feridos, aqui vamos nós,
empurrados a Ter para Poder, e sem saber direito o meu e diabos ser...
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