terça-feira, 28 de abril de 2015

FERIDO

Estive gastando toda uma vida ponderando se valia a pena apontar para mim mesmo o lado ensolarado do Ser Eu. Com todas as minhas limitações, imperfeições e condições humanas viciadas e mal tratadas por anos de convívio prejudicial com o resto da minha raça. Com orgulho e com vergonha de toda a maravilha e abominação contidas em mim. Com o nariz empinado, embora morra de medo, me sustenta a ousadia. -Constato sem surpresa nem susto que possuo em mim vários demônios. O pecado me atrai, o proibido me fascina, a insegurança me devora. Tantas vezes o ciúme me cutuca. Mas, por favor, nada de exorcistas, convivo bem com meus íncubus. Bom, pelo menos meus demônios passeiam ao redor de mim ( e dos que amo e desejo ), pois não me incomoda a inveja. E nem a cobiça. Desejaria que minhas falhas e lapsos machucassem só a mim, mesmo sabendo que isso é fantasia. Fazer o quê? Esperar que os que se ferem com meu egoísmo também usufruam da minha generosidade? Já de saída me sinto intimado pela claridade. Não tenho absolutamente o costume de notar mais coisas boas em mim, falta de prática ou de aptidão. Não se trata de falsa modéstia, já que não me alimenta a bajulação alheia ( ah, o ego!!! Monstrinho disfarçado de auto - estima. .. ). Talvez pelo sentimento que não passa de obrigação ser o melhor possível. Tamos aí pra isso mesmo. Ninguém devia merecer prêmio por ser legal, honesto, íntegro. Isso deveria constar como pré - requisito básico para Ser Humano. Mas entre Nobels e feridos, aqui vamos nós, empurrados a Ter para Poder, e sem saber direito o meu e diabos ser...

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