segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Reencontrando - me


Às vezes deixamos de fazer certas coisas das quais sabemos que vamos nos arrepender depois, mas mesmo assim não importa. E claro, acaba importando. Deixamos de visitar alguma pessoa que, em algum momento da nossa vida, teve uma importanciazinha (que, para os homens, geralmente essa pessoa é do sexo feminino, porque seria “pouco ortodoxo”, como diria meu avô Nelício '' Barba'' ), ou um grande amigo, companheiro de uns tragos de vez em quando (pra matá a tristeza, né!), que por causa da distância ou qualquer outro motivo impediram o reencontro. Talvez porque nos acomodamos demais à uma situação e deixamos o reencontro para amanhã. E no outro dia, continuamos deixando para amanhã.
Fazemos isso. Então chega o dia em se esgotam as possibilidades, e nos sentimos culpados, e responsáveis, por termos desperdiçado tanto tempo. E ficamos repletos de coisas por dizer e por demonstrar.
Sucede que ele era um garoto encantador. Nos encontramos poucas vezes, na verdade, mas é daqueles que valem a pena. Contaminado com o vício do vinho cantina da serra, o conheci numa roda de '' amigo'' , no interior da Bahia. Não fumava. Minto. Começou a fumar depois do segundo copo de vinho e da terceira garrafa suja, mas foi só um cigarrinho bobo. Não tinha outros vícios. Lembro que era de bom palavrório, e bom de baile. Adorava um lugar específico do Cais da cidade, que sempre frequentava sozinho a noite.
Por causa da distância, perdemos contato durante muito tempo, até alguns meses atrás, que ele deu para me importunar. Continuava morando no mesmo lugar, e queria me ver. Planejamos vários encontros, mas nenhum foi concluído (por falta de tempo ou outros inconvenientes). As ganas de reencontrá-lo começaram a aumentar, proporcionalmente com o remorso de não ter importado mais.
E ele já não importunava mais.
Outro dia, limpei a vergonha da cara e liguei pra ele.Queria conversar, explicar a situação, dizer que finalmente poderia viajar, que tinha sentimentos, que tinha planos, que queria conhecê-lo melhor, que tanto tempo foi deixado para trás...

Pela voz, quem atendeu foi uma senhora de setenta e poucos.
 
“Ele não mora mais aqui, meu filho. Mas sabe como é, né, comentário de cidade pequena... o povo diz por aí que esse menino emboiolou, foi pra Brasília falando em estudar, e agora se dedica a ensinar a esbórnia pra garoto novo.”
 
 

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