sexta-feira, 23 de março de 2012



 Há anos atrás. Uma série de urgências levou-me a desconsiderar uma vida pacata numa cidade pequena e desmoronar num emaranhado de inconvenientes repetidos morando com parentes num lugar novo. Há anos atrás eu passei a viver sozinho, sem proteção e sem direção.
Eu passei a vida inteira ouvindo meus pais dizerem que para se tornar alguém na vida a gente tem que se dedicar sempre. Eu sempre fui diferente. Nunca gostei de nada convencional. Nunca gostei de aula e nem nasci grudado em ninguém. Desde muito cedo eu via o mundo do lado de fora de casa,- como na vez q todo mundo saiu e me esqueceram trancado dentro da casa, eu era criança, fiquei desesperado , depois disso eu sempre arrumava desculpa pra dormir fora.Quando me tornei um adolescente revoltado tudo piorou. A começar pela caveira tatuada na nunca, os coturnos e as vestimentas negras, eu me revoltei..mas não comigo mesmo: quando um dia, você ver passar na rua alguém assim. Sugiro. Não critique. Com absoluta certeza, essa pessoa tem um motivo pelo qual expressa sua raiva no seu modo de agir. Eu me revoltei com as pessoas ao redor, com a comunidade ao redor, com os valores corrompidos e as mentes distorcidas, eu me transformei no espelho do que achava q era feio. Por isso eles me achavam feio...Meus pais sempre quiseram que eu fizesse faculdade e me tornasse aquele tipo de filho babaca que todo pai quer ter. Tentei, mas como o esperado, como é da minha natureza não fingir..desisti. No fundo, eu era o único estranho ali. A única pessoa que não pertencia a casa nenhuma. Ninguém sabe além de mim, que choro as noites, antes de dormir, tentando me perdoar de tantas coisas sem sentido que eu acabei fazendo – pelo excesso de raiva- na minha vida. Dói saber que você perdeu o valor e q as pessoas não acreditam mais em você. Mas hoje, eu não saio correndo para os braços de ninguém, não tenho arrependimentos... Eu fico, e aguento. Nessas horas é só nas orações do meu pai a mim que eu penso. Nisso, e no meu eterno silencio. Tenho grandes lembranças, quase todas especiais, e tenho saudades das pessoas humanas que conheci. Só queria que todos tentassem me entender. Quando decidi sair da casa dos meus pais, naquelas urgências do inicio, foi pra não depender mais de ninguém, mas, de alguma forma, nesses processos, acabei caindo pelos cantos. Eu não preciso de convite pra lugar nenhum, eu sou como o vento, eu vou pra onde eu quiser ir, quando eu quiser ir, e não espero que o mundo seja pleno e normal, porque esse tipo de mundo não existe. Foram, sem exceção, todas essas quedas, que me fizeram perceber essas conclusões. Conheci muitas pessoas, mas a melhor delas foi O Leandro. Se não tivesse errado tantas vezes, não seria o que sou hoje. Caminhando pela rua à comprar cigarros na padaria. Penso : Há anos atrás, uma série de urgências me fizeram perceber que hoje, eu só devo me importar comigo mesmo.






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